Por conta das mudanças climáticas, mais especificamente do aquecimento global, diversos fenômenos da natureza estão acontecendo de forma cada vez mais acelerada, como podemos observar em diversos estudos publicados, vídeos e fotos, mostrando que eles estão ficando ainda mais intensos.
No litoral de São Paulo, em Peruíbe, o rio da Barra do Una vem ficando cada vez mais alto e, consequentemente, deixando os moradores bem preocupados, que já pensam na possibilidade de precisar sair do local. Isso porque as alterações estão destruindo as dunas e restingas que protegem a vila. Para se ter uma ideia, o amor avançou tanto que chegou até a Rua Beira Mar que fica muito próxima às casas, trazendo receio aos munícipes.
Falta de proteção
Como mencionado há pouco, a restinga serve para proteger e minimizar o que acontece, por exemplo, na Ponta da Praia, em Santos (SP). No caso da Barra do Una, chega um rio importante ali. “Nesse rio, nessa grande influência de água doce, houve uma intervenção humana no passado“, explica Ronaldo Christofoletti, professor e pesquisador do Imar/Unifesp.
Ainda de acordo com Christofoletti, as intervenções humanas mudam a quantidade e a força da água doce que chega ao local, alterando a dinâmica local do encontro da foz, ou seja, do encontro da água doce (rio) com a água do mar.
“Os ambientes naturais são dinâmicos por si, não são sempre iguais, têm uma certa variação ao longo do tempo. Quando o homem faz uma intervenção, como foi a do rio, ele ajuda a alterar ainda mais esse processo“, disse.
A Barra do Una é um ponto da área costeira onde já é possível ver o impacto da mudança climática, segundo o pesquisador. A região do encontro entre o mar e a água doce, chamada de estuário, faz com que a água fique salobra, ou seja, com uma salinidade intermediária.
“Como o mar está subindo mais, está ficando mais salgado na região onde os moradores moram. Então, realmente, as espécies de peixes que dependem de uma água com menor salinidade já não vão estar mais naquele local“, pontuou o professor.
O que dizem as autoridades?
Os responsáveis pela Barra do Una foram procurado para explicar se existe algum estudo ou acompanhamento destas mudanças e, por meio de nota, informaram:
“Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), por meio do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), monitora o processo erosivo, que decorre por um fenômeno natural, na região de Barra do Una, junto à comunidade e à Fundação Florestal (FF), por se tratar de uma Unidade de Conservação (UC)“, diz o comunicado.
No ano de 1950, o Homem fez uma mudança no trajeto do rio, eliminando o trecho de terra que ligava à Praia do Una e formando, ali, uma espécie de ilha, que hoje leva o nome de “Ilha do Ameixal”. Para os moradores mais antigos da região, o rio só está querendo espaço que antes era dele, de volta.