No último dia 20 de maio, a comunidade científica voltou seus olhos para o Sol, quando a sonda Solar Orbiter, uma parceria entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a NASA, registrou uma explosão solar impressionante. Originada da mancha solar AR3664, esta erupção solar, classificada como de intensidade máxima X12, tornou-se o evento mais potente do atual ciclo solar e um dos mais significativos desde 1996.
Este fenômeno não só destacou a importância da Solar Orbiter na observação solar, como também ressaltou os riscos potenciais dessas explosões. A mancha solar AR3664, por exemplo, já havia sido responsável por uma grande tempestade solar em maio, indicando que sua atividade pode ter implicações diretas no clima espacial, afetando até mesmo a tecnologia em órbita.
Diferentemente de outras missões, a Solar Orbiter tem uma vantagem por estudar não apenas o lado do Sol voltado para a Terra, mas também o seu lado afastado. Isso permite uma visão mais completa e detalhada da atividade solar. A importância dessa perspectiva foi comprovada quando, no incidente de 20 de maio, a sonda captou uma enorme onda de íons disparando pelo espaço a velocidades vertiginosas.
Impactos registrados durante a explosão solar
Além das observações visuais, as sondas BepiColombo e Mars Express registraram erros de memória significativos. Estes erros foram provavelmente causados pelas intensas partículas solares que afetaram diretamente suas células de memória. Olivier Witasse, cientista do projeto Mars Express, ressaltou a utilidade inesperada desses dados: apesar de serem principalmente monitoramentos de saúde da nave, eles também servem como ferramentas valiosas para detectar e estudar fenômenos do clima espacial.
Posteriormente ao evento, a Solar Orbiter observou uma ejeção de massa coronal substancial. Este fenômeno, onde uma bolha de plasma é expelida do Sol, foi registrado não só pela Solar Orbiter, mas também detectado de forma remotamente pela missão SOHO. A velocidade e abrangência dessa ejeção ilustram o poder das explosões solares e as transformações dinâmicas que podem ocorrer na superfície solar.
Os cientistas, liderados por Daniel Müller, estão cada vez mais atentos a essas movimentações. A compreensão desses fenômenos não só ajuda na previsão de tempestades solares como também na preparação para seus possíveis efeitos sobre a Terra. A explosão e a subsequente ejeção de massa coronal demonstram como eventos aparentemente distantes no espaço podem ter repercussões diretas aqui, como o apagão de rádio que afetou a América do Norte.