Há mais de um século, cientistas de todo o mundo têm se dedicado a desvendar os mistérios da Pangeia, um supercontinente que existiu entre aproximadamente 335 e 175 milhões de anos atrás.
Essa vasta massa de terra unificada desempenhou um papel crucial na formação geológica e biológica do planeta como o conhecemos hoje. Com o avanço das pesquisas, novas descobertas continuam a lançar luz sobre como a Pangeia se formou e o que levou à sua fragmentação.
A ideia de que os continentes estiveram unidos no passado não é nova. No século 16, o cartógrafo Abraham Ortelius observou que as costas da América e da Europa/África pareciam se encaixar como peças de um quebra-cabeça.
No entanto, foi apenas no início do século 20 que o meteorologista alemão Alfred Wegener desenvolveu a teoria da deriva continental, sugerindo que todos os continentes já formaram um único supercontinente chamado Pangeia.
Como a Pangeia se formou?
A formação da Pangeia foi um processo gradual e complexo, resultado de colisões entre grandes continentes e microcontinentes já existentes. A pesquisa publicada no periódico Tectonophysics em 2013 utilizou modelos de placas tectônicas para simular essas dinâmicas geológicas.
Inicialmente, o supercontinente Gondwana se formou no final do Neoproterozoico, há cerca de 540 milhões de anos. Com o tempo, outras massas de terra, como a Laurásia, se uniram, culminando na formação da Pangeia durante o período Carbonífero, há cerca de 335 milhões de anos.
Quais evidências comprovam a existência da Pangeia?
Embora a teoria de Wegener tenha sido inicialmente rejeitada, diversas evidências científicas hoje sustentam a existência da Pangeia. Entre elas, destacam-se:
- Dados paleoclimáticos: Registros de climas semelhantes em regiões atualmente distantes sugerem que essas áreas já estiveram conectadas.
- Análises paleomagnéticas: Indicam que os continentes ocuparam diferentes posições no passado, corroborando a ideia de deriva continental.
- Fósseis semelhantes: A presença de fósseis de animais e plantas, como o Mesossauro e a Glossopteris, em continentes separados por oceanos, reforça a teoria.
- Formações geológicas idênticas: Cadeias de montanhas e tipos de rochas similares encontrados em regiões distantes apontam para uma origem comum.
Quando e por que a Pangeia começou a se separar?
A fragmentação da Pangeia teve início no final do Período Triássico, há cerca de 175 milhões de anos. Diversos fatores contribuíram para essa separação, incluindo o acúmulo de calor sob a crosta continental, que gerou plumas mantélicas e rachaduras.
Além disso, a subducção de placas oceânicas alterou os equilíbrios dinâmicos entre as placas, criando forças divergentes. Esse processo resultou na divisão inicial da Pangeia em dois grandes blocos: Laurásia ao norte e Gondwana ao sul.
O ciclo dos supercontinentes pode acontecer novamente?
A formação e separação da Pangeia fazem parte de um ciclo maior conhecido como “ciclo dos supercontinentes”, que ocorre a cada 600 milhões de anos. Estudos indicam que a Terra já teve, pelo menos, três supercontinentes: Columbia, Rodinia e Pangeia.
No futuro, é possível que os continentes atuais se unam novamente, formando um novo supercontinente, um fenômeno hipotético chamado “Pangeia Próxima” ou “Pangea Última”. Modelos climáticos de longo prazo sugerem que a formação de um novo supercontinente poderia ter impactos significativos no clima e na vida na Terra.