Globo paga indenização de R$ 40 mil por motivo polêmico

Entenda o caso que resultou no pagamento da bagatela

A Rede Globo teve que pagar uma indenização de R$ 40 mil para Maria de Lourdes Carvalho Borelli, mãe de Marcelo Borelli, um dos assaltantes mais periculosos do país no início dos anos 2000. O criminoso foi morto em 2007, ficando conhecido em todo território nacional devido a roubos dignos de um filme.

A emissora foi obrigada a pagar a bagatela indenizatória por conta do seriado “A Teia”, produzido e exibido em 2014 pela própria Globo. A obra trata-se de um produção que narra a história de Marco Aurélio Baroni (interpretado pelo ator Paulo Vilhena), sendo inspirada em passagens da vida de Borelli no submundo do crime.

Até o fechamento desta matéria, a defesa da mãe de Marcelo Borelli não se pronunciou sobre o caso. Já a Globo, em comunicado enviado ao portal F5, da Folha de S. Paulo, disse que não comenta casos jurídicos.

O caso vinha se desenrolando desde 2015, tendo se encerrado apenas em janeiro deste ano, quando o processo transitou em julgado — isto é, acabou definitivamente, sem a possibilidade de novos recursos — no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). A indenização de R$ 40 mil foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), no ano de 2021, segundo a reportagem do F5.

Quem foi Marcelo Borelli?

O primeiro crime de Marcelo Borelli a ganhar grande destaque na imprensa foi o assalto a uma avião em Brasília, do qual retirou 60 kg de ouro do compartimento de cargas. Um mês após o episódio, ele encabeçou uma quadrilha que foi responsável por sequestrar um avião com 61 passageiros e roubar R$ 5 milhões em carga.

O criminoso foi preso ainda em 2000, após uma força-tarefa envolvendo diversas corporações policiais. No mesmo ano, entretanto, ele foi o epicentro da que, até os dias de hoje, é considerada a cena mais violenta já exibida em rede nacional. Em 23 de outubro de 2000, o apresentador Ratinho, durante seu programa no SBT, exibiu cenas de Marcelo Borelli torturando uma criança de apenas três anos de idade.

De acordo com a polícia, o famoso assaltante praticou o ato cruel para intimidar o pai do menor, que fazia parte da mesma quadrilha, no intuito de evitar que ele fizesse uma eventual delação. Como é de se imaginar, a reportagem revoltou grande parte do Brasil, sendo um dos motivos para a mudança drástica no que diz respeito ao que poderia ser exibido na televisão nos próximos anos.

Devido a tortura, Marcelo Borelli foi condenado a 172 anos de prisão. Cabe destacar que o criminoso morreu por conta de complicações causadas pelo vírus HIV, que aderiu na cadeia após sofrer com a rejeição de outros detentos justamente pelo caso envolvendo o menor de idade.

Seriado criado pela Globo

“A Teia” não chega a retratar o período em que o criminoso foi preso com muito afinco, mas foi vendida pela emissora e principalmente pela RPC, afiliada da Globo no Paraná, como a “série que contaria a história de Marcelo Borelli”. A estreia da série causou inúmeros problemas para Maria de Lourdes, mãe do assaltante.

Hoje, ela mora no município de Cornélio Procópio, a 440 km de Curitiba. Maria de Lourdes afirma que passou a receber diversas ameaças de morte e ataques devido a história contada no seriado. Com a reprise de “A Teia” em janeiro de 2015, a mãe de Marcelo Borelli entrou com um processo contra a Globo, no qual pedia R$ 3 milhões por direito de imagem e dano moral irreversível, alegando que não autorizou que sua história e de seu filho fossem contadas em uma obra televisiva.

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