Nos últimos anos, tem-se observado um aumento preocupante nos casos de câncer colorretal entre jovens adultos, enquanto as taxas para aqueles com mais de 50 anos continuam a diminuir.
Este fenômeno tem intrigado especialistas em saúde ao redor do mundo, incluindo no Brasil, onde o câncer colorretal é o segundo tipo mais comum, excluindo os tumores de pele não melanoma.
Pesquisas recentes sugerem que a origem desse aumento pode estar relacionada a fatores que remontam à infância. Entre as descobertas mais recentes, destaca-se a ligação entre a colibactina, uma toxina produzida por certas cepas de bactérias, e o desenvolvimento de mutações no DNA que podem levar ao câncer colorretal.
Qual é o papel da colibactina no desenvolvimento do câncer?
A colibactina é uma toxina que tem sido associada a mutações genéticas em tumores colorretais, especialmente em indivíduos com menos de 40 anos.
Estudos indicam que pessoas jovens com câncer colorretal têm uma probabilidade significativamente maior de apresentar essas mutações em comparação com adultos mais velhos.
Curiosamente, entre 30% e 40% dos adultos saudáveis possuem bactérias produtoras de colibactina em seus microbiomas. No entanto, apenas uma pequena fração dessas pessoas desenvolverá câncer, sugerindo que outros fatores estão em jogo, possivelmente relacionados à dieta na infância.
Como a dieta na infância pode influenciar o risco de câncer colorretal?
Estudos em modelos animais mostraram que uma dieta pobre em fibras pode aumentar a colonização do intestino por bactérias produtoras de colibactina, além de causar inflamação crônica, o que pode acelerar o desenvolvimento de tumores.
Por outro lado, a inclusão de fibras solúveis fermentáveis na dieta parece reduzir a inflamação e a colonização bacteriana, oferecendo uma forma de proteção contra o câncer.
Essas descobertas são apoiadas por dados em humanos, que indicam que a ingestão diária de fibras está associada a um risco reduzido de câncer colorretal. Isso sugere que uma dieta rica em fibras desde a infância pode ser uma estratégia eficaz para prevenir o desenvolvimento precoce da doença.
Fatores adicionais que podem influenciar o risco de câncer colorretal
Além da dieta, outros fatores podem influenciar o risco de câncer colorretal. O modo de nascimento, por exemplo, parece ter um impacto, com estudos indicando que meninas nascidas por cesárea têm maior probabilidade de desenvolver a doença antes dos 50 anos. A exposição a bebidas açucaradas na adolescência também foi associada a um risco aumentado.
Embora ainda haja muitas perguntas sem resposta, cientistas estão empenhados em investigar como fatores ambientais, a exposição a produtos químicos e a saúde materna podem contribuir para o risco de câncer colorretal.
Medidas para reduzir o risco de câncer colorretal
Para reduzir o risco de câncer colorretal, é recomendado adotar algumas medidas preventivas:
- Alimentação saudável: Reduzir o consumo de bebidas açucaradas, carnes processadas e álcool, substituindo-os por água, peixes e grãos integrais.
- Atividade física: Incorporar exercícios regulares na rotina pode ter um impacto significativo na redução do risco.
- Exames: Realizar colonoscopias regularmente para detectar e remover pólipos antes que se transformem em câncer.
É importante que as pessoas estejam cientes dos sintomas do câncer colorretal, como o sangramento retal, e procurem orientação médica caso esses sinais apareçam. A conscientização e a prevenção são fundamentais para combater o aumento dos casos entre os jovens.