Em uma área completamente devastada pelo fogo, o que mais impressionou não foram os estragos feitos pelos incêndios, mas sim o registro de uma casa que resistiu em meio às chamas. O caminho pelas cinzas nos leva até Édson Damásio Martins, dono da propriedade.
A residência do peão foi construída próxima ao Rio Paraguai, sendo uma rota muito utilizada por milhares de turistas todos os anos. Infelizmente, o fogo destruiu a vegetação que sempre impressionou os visitantes — confira a foto mais abaixo na matéria.
“O fogo começou aqui em cima, chegou aqui e queimou tudinho. Queimou tudo no campo. Vim de encontro para combater, mas não teve jeito. A labareda foi intensa. Só ficou a casa. Tive que sair daqui e ficar lá na beira do rio assistindo queimar o capinzal. Não teve o que fazer“, contou ao Jornal Nacional.
Impacto no turismo
Nos primeiros seis meses deste ano, o Brasil registrou cerca de 36 mil focos de incêndios florestais — 53% a mais do que no mesmo período em 2023. Inclusive, o número é o mais alto para um primeiro semestre nos últimos 10 anos. A Amazônia e o Cerrado responderam por três em cada quatro focos identificados por satélites.
Como é de se imaginar, os incêndios estão prejudicando uma das principais atividades econômicas do Pantanal: o ecoturismo. Vivendo às margens do Rio Paraguai, em Corumbá, Luceni Aparecida Alves, entrevistada pelo Jornal Nacional, disse que torce pela volta dos visitantes, afastados pelo fogo.
Ela conta que, em muitos casos, é preciso mudar o roteiro do passeio do qual ela promove por conta dos incêndios. “Se era para descer o rio, nós tivemos que inverter e subir o rio, porque com a fumaça, além das pessoas passarem mal, fica difícil fazer fotos“, disse (via Jornal Nacional).
Já no Porto da Manga, a pousada de Adenilson Alves, teve que fechar as portas. O proprietário lamenta a impossibilidade de atentar as pessoas. “É difícil respirar, a sujeira e a fuligem. O impacto é muito grande. Um prejuízo razoável de mais de R$ 100 mil“, relatou ao Jornal Nacional.
Combate aos incêndios no Pantanal
Na última segunda-feira (1º), o Governo Federal anunciou a criação de duas bases para agilizar as ações de combate aos focos de incêndio no Pantanal. Os postos facilitarão a organização logística das operações no bioma, que enfrenta sua pior seca em 70 anos, intensificada pela mudança do clima e por um dos El Niño mais fortes da história.
Os centros serão instalados no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira (MT-060) e na cidade de Corumbá, que concentrou 66,5% dos focos de incêndio registrados no bioma de janeiro a junho, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
De acordo com o Governo Federal, 500 funcionários foram mobilizados para atuar em campo, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água air tractors do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e um KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB), com capacidade para carregar 12 mil litros de água.