Usuários do X (antigo Twitter) em terras brasileiras relataram, na manhã da última quarta-feira (18), que conseguiram acessar a rede social mesmo com o bloqueio determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a plataforma do bilionário Elon Musk devido ao descumprimento de decisões judiciais proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com uma fonte do STF, ouvida pela agência de notícias Reuters, o bloqueio do X ainda segue em vigor e que a Suprema Corte está checando a informação sobre o acesso à plataforma por parte de alguns internautas brasileiros. “Aparentemente, é apenas uma instabilidade no bloqueio de algumas redes“, disse a fonte.
O que disseram os usuários que acessaram o X?
Segundo os relatos, usuários estavam conseguindo acesso ao microblog a partir de certos smartphones. Algumas pessoas disseram que estavam recebendo notificações de contas que nem sequer seguem com conteúdos contrários a Moraes, responsável por determinar a suspensão do X no país.
Lembrando que a plataforma comprada por Musk foi bloqueada no Brasil no fim de agosto após ordens do ministro, em decisão referendada posteriormente pela Primeira Turma do STF. Simpatizantes da extrema-direita e o próprio empresário sul-africano consideram a suspensão um “ataque à liberdade de expressão“.
Na semana passada, Moraes também solicitou o repasse de R$ 18,35 milhões que estavam em contas bloqueadas das companhias X e Starlink aos cofres da União, para o pagamento de multas por descumprimento de ordens judiciais.
O montante havia sido bloqueado por ordem do ministro para o pagamento de multas que haviam sido impostas à rede social devido a sucessivos descumprimentos de ordens judiciais, como o bloqueio de contas e a retirada de páginas disseminadoras de fake news. Além disso, o X ignorou a determinação judicial que pedia a indicação de um representante legal da plataforma no país.
Novas punições
Devido a uma mudança nos servidores da rede social, o que permitiu o acesso de alguns internautas ao X, Moraes multou a plataforma em R$ 5 milhões por dia. A punição foi aplicada nesta quinta-feira (19), mas o STF ainda vai calcular quantos dias de multa — a depender de quanto tempo durar o descumprimento das decisões.
De acordo com o X, a alteração foi feita porque a infraestrutura para fornecer o serviço na América Latina ficou inacessível para sua equipe após o bloqueio em terras brasileiras. Ainda segundo a companhia, a mudança causou uma “restauração involuntária e temporária do serviço para usuários brasileiros“.
Já a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) aponta que o X passou a utilizar endereços de IP vinculados a servidores da Cloudflare, e não mais a uma infraestrutura própria.
Para quem não está familiarizado com o tema, Cloudflare nada mais é do que uma empresa que fornece serviços e pode atuar como um intermediário entre o servidor de um site e o usuário. Neste caso, esse mecanismo permitiu que o X se tornasse mais resistente contra o bloqueio.