As companhias brasileiras que fizeram parte de um experimento sobre a semana de quatro dias de trabalho, com todos os seus colaboradores ou parte deles, optaram por manter o modelo após seis meses de teste. Vale lembrar que o modelo vem sendo amplamente debatido mundialmente, visando promover maior qualidade de vida para a classe trabalhadora.
Das 19 empresas que participaram do projeto piloto, oito delas vão continuar com a dinâmica de forma permanente, enquanto sete resolveram estender o teste até o final de 2024, para avaliar os impactos a longo prazo. Uma das organizações informou que vai expandir a semana de quatro dias para outras áreas da companhia, e três vão fazer alguns ajustes no formato, como conceder uma folga a cada 15 dias.
Avaliações preliminares
Entre outras visões, líderes e funcionários relataram que a carga horária reduzida proporciona mais energia para realização das tarefas e aumento da produtividade. Em contrapartida, quase metade constatou um ritmo de trabalho mais acelerado, e 20% sentiu um aumento na pressão. Veja a proposta em números:
Impacto da semana de quatro dias de trabalho após seis meses
Produtividade
- 1. Mais energia para realização de tarefas: 87%;
- 2. Melhoria na criatividade e inovação: 81%;
- 3. Aumento da produtividade: 72%.
Saúde
- 1. Redução na insônia: 50%;
- 2. Aumento de quem dorme mais de oito horas por noite: 42%.
Pressão
- 1. Aumento no ritmo de trabalho: 48%;
- 2. Aumento da pressão no trabalho: 20%.
Quem é a responsável pelo projeto?
A iniciativa da semana de 4 dias foi criada pela “4 Day Week Brazil“, parceira em terras brasileiras da “4 Week Global“, uma organização sem fins lucrativos que faz pesquisas sobre trabalho ao redor do mundo.
Foram três meses de preparação, de setembro a dezembro de 2023, até que, em janeiro deste ano, os trabalhadores começaram a atuar com carga horária reduzida, mas ganhando o mesmo salário e com o objetivo de manter 100% da produtividade. Em fevereiro, funcionários revelaram suas primeiras impressões. Já em abril, foi divulgado o resultado parcial após três meses de testes e, agora, o relatório final.
Das 21 companhias que começaram o experimento, duas não finalizaram. Uma delas foi afetada pelas chuvas no Rio Grande do Sul (RS) e saiu do piloto, enquanto a outra resolveu pausar o teste por conta de uma troca na direção. Assim, o projeto seguiu com 19 empresas e 252 colaboradores.
Detalhes sobre o teste
Outro ponto destacado na pesquisa, após os seis meses da semana de quatro dias em prática, foi o fortalecimento do vínculo dos funcionários com as organizações. Quase metade disse que a relação com o líder melhorou, e mais de 65% percebeu um aumento do comprometimento com a empresa.
Além disso, o experimento apontou que 72,7% das companhias participantes observaram um aumento na receita, enquanto 27,3% experimentaram uma diminuição. No que diz respeito aos lucros, 63,6% das organizações relataram crescimento, e 36,4% enfrentaram uma redução.
As empresas também relataram que a capacidade de atração de novos talentos melhorou significativamente após a redução da carga horária: 66,7% tiveram aumento. Já a rotatividade de colaboradores permaneceu estável para 75% das companhias e diminuiu 25%. Muitas perceberam redução das faltas injustificadas dos funcionários.