Desde o início de 2024, a política monetária dos Estados Unidos tem sido um dos fatores preponderantes no cenário econômico mundial, refletindo diretamente na força do dólar. Mudanças nas sinalizações do Federal Reserve (Fed) a respeito dos juros americanos desempenham um papel crucial nesse cenário, atraindo atenção global.
O aquecimento do mercado de trabalho e a força contínua da atividade econômica nos EUA têm gerado preocupações sobre a inflação, adiando o esperado ciclo de cortes de juros pelo Banco Central Americano. Estas sinalizações têm influenciado diretamente na projeção econômica e na valorização do dólar como ativo seguro em tempos de incerteza.
Como a política monetária dos EUA impacta o dólar
Após previsões iniciais de cortes nos juros já para maio, a realidade se mostrou diferente, com a maioria dos especialistas agora apostando que tais cortes ocorrerão apenas em setembro. Esse adiamento é um reflexo direto das expectativas do mercado e do comportamento da maior economia do mundo, mantendo o dólar em uma posição de fortalecimento.
No Brasil, a balança comercial, que compara as exportações e importações, exerce uma influência significativa sobre o valor do dólar. Segundo Matheus Pizzani, economista da CM Capital, “a balança comercial está prejudicada neste ano devido à menor demanda externa por minério de ferro e petróleo. Isso equivale a menores ingressos de dólares, pressionando a sua valorização”.
Além disso, a menor procura por produtos brasileiros no exterior também está interligada às mudanças na política de juros dos EUA, provocando uma espécie de efeito cascata que afeta diretamente a economia local.
Alterações na projeção fiscal do Brasil
Ainda falando sobre o Brasil, em abril de 2024, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou mudanças nas projeções fiscais, sinalizando déficit zero para 2025. Essa revisão das metas fiscais indica uma possível flexibilização dos gastos públicos, o que pode impactar a confiança dos investidores e a estabilidade da moeda brasileira frente ao dólar.
Decisões divididas dentro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre cortes de juros influenciam as expectativas. Juros mais baixos podem estimular a economia, mas também podem resultar em inflação elevada, o que por sua vez afeta o câmbio.
Com todos esses fatores em jogo, especialistas sugerem que qualquer melhora significativa no valor do real frente ao dólar provavelmente só ocorrerá no final do ano.