Um estudo recente conduzido pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) trouxe à tona um dado preocupante: cerca de 80% dos brasileiros que conseguem negociar suas dívidas acabam retornando ao cadastro de inadimplentes em menos de um ano.
De acordo com economistas, o retorno dos brasileiros ao cadastro de inadimplentes é uma consequência direta da falta de planejamento financeiro e educação no manejo das finanças pessoais. Eles apontam que muitos consumidores renegociam dívidas impulsivamente, sem uma análise detalhada de suas receitas e despesas, o que resulta em um ciclo contínuo de dívida.
Inflação, taxa Selic e inadimplência
A pesquisa da CNDL e SPC também revelou que, em agosto, 86,3% das negativações foram de devedores reincidentes. Este cenário é agravado pelo contexto econômico atual, onde a inflação e a elevação da taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, desempenham papéis significativos.
Quando o Banco Central aumenta a Selic, os empréstimos tornam-se mais caros, pressionando ainda mais os orçamentos familiares. A alta taxa de juros é um dos principais responsáveis pelo aumento das inadimplências, ao encarecer financiamentos e dificultar o pagamento das prestações.
Orçamento familiar
Outro fator que contribui para a dívida e inadimplência é o custo de vida crescente. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) indicou uma alta de 0,44% nos preços em setembro, a maior variação desde 2021. Este aumento foi significativamente impactado pela alta de 1,8% no setor de habitação, com destaque para o reajuste da tarifa de energia elétrica.
De acordo com economistas, o aumento das tarifas de energia elétrica, impulsionado pela mudança da bandeira tarifária para o nível 2, gerou um aumento de 8% na conta de luz dos consumidores, agravando a situação financeira das famílias brasileiras.