Na última terça-feira (25), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução que proíbe a importação, fabricação, manipulação, comercialização, propaganda e uso de produtos à base de fenol em procedimentos de saúde em geral ou estéticos.
De acordo com o órgão controlador, a decisão visa “zelar pela saúde e integridade física da população brasileira, uma vez que, até a presente data [25 de junho], não foram apresentados à Agência estudos que comprovem a eficácia e segurança do produto fenol para uso em tais procedimentos“. Além disso, a Anvisa destacou, em nota, que a determinação ficará vigente durante até a conclusão das investigações sobre os potenciais danos ligados à substância.
Suspensão do fenol em terras brasileiras
A medida foi tomada dias após o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) mover uma ação judicial na Justiça Federal solicitando a proibição da venda de substâncias químicas à base de fenol para quem não for médico. Outro fator apontado pela entidade foi o episódio que resultou na morte do empresário Henrique Silva Chagas após ele passar por peeling de fenol.
Segundo o boletim de ocorrência, Henrique passou por uma limpeza de pele e uma aplicação de anestésico seguida de uma raspagem para receber o composto orgânico (fenol). Após a aplicação da substância, o empresário passou mal, respirando muito forte pela boca e pedindo socorro.
Natalia Becker, responsável pela aplicação da substância, e funcionárias do estabelecimento prestaram os primeiros-socorros e acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que constatou a morte na própria clínica.
Perigos do peeling de fenol
Para quem não está familiarizado com o procedimento, ele consiste na aplicação de uma solução cáustica que provoca a queimadura e a descamação da pele. Apesar de ser uma técnica secular utilizada para suavizar rugas, marcas de expressão e manchas, ela pode trazer uma série de riscos à saúde.
De acordo com especialistas, o método pode levar ao escurecimento permanente da pele e gerar cicatrizes que comprometem o funcionamento de partes do rosto. Além disso, o fenol pode afetar o sistema cardíaco, uma vez que a substância é considerada cardiotóxica, isto é, tem um efeito nocivo para o coração.
Ainda, o composto pode provocar alterações na frequência cardíaca, levando à arritmia e, até, a uma eventual parada cardíaca, caso o quadro não seja monitorado de perto. “O procedimento pode ser feito em ambulatório se a concentração for menor apenas em área da face, mas o paciente precisa estar sempre monitorado“, disse a dermatologista Edileia Bagatin, coordenadora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ao portal G1.
A especialista ressalta que o procedimento só é indicado para pessoas com a pele muito clara e com muitas rugas, visto que o peeling de fenol é apenas para estes casos e não serve para cicatrizes, por exemplo. “Além disso, só médicos podem fazer o peeling — geralmente são os dermatologistas ou cirurgiões plásticos“, pontua a coordenadora do SBD.