Em agosto deste ano, os deputados estaduais do Mato Grosso do Sul (MS) aprovaram um Projeto de Lei (PL) que proíbe o plantio, comércio, transporte e produção de murta em todo o Estado. Isso porque trata-se de uma planta exótica da família dama-da-noite, conhecida por seu perfume agradável, mas que também tem o potencial de prejudicar as plantações de cítricos, fundamentais para a economia local.
Com a medida em vigor, o governo sul-mato-grossense busca proteger a citricultura em expansão na região, evitando a disseminação de uma das doenças mais destrutivas para esse tipo de cultivo. A decisão foi baseada em estudos que apontam que a murta é hospedeira da bactéria causadora do huanglongbing (HLB), também conhecida como greening. A enfermidade ataca todos os tipos de cítricos e, até o momento, não há tratamento eficaz para as plantas afetadas.
Devido ao risco que tal planta representa a citricultura, o governo estadual considerou a proibição como uma medida cabível para fortalecer a fruticultura local e atrair novos investimentos para o setor. Nas próximas linhas, veja como a decisão pode afetar a economia e a agricultura do MS.
Impacto da proibição
Como mencionado anteriormente, a citricultura é uma atividade em pleno crescimento no MDS, e a diversificação agrícola tem sido uma prioridade para o governo local. A restrição ao plantio da murta é vista como uma forma de criar um ambiente mais seguro para os cultivos cítricos, evitando a proliferação de doenças que poderiam comprometer a produção.
Além disso, a medida tem como objetivo incentivar a geração de emprego e renda, ao proteger um setor que tem grande potencial de desenvolvimento. Ainda, a proibição terá impacto sobre o comércio de plantas ornamentais, uma vez que a murta era popular por conta do seu aroma parecido ao da dama-da-noite.
No entanto, os vendedores de plantas ornamentais já estão se adaptando à nova lei, oferecendo alternativas para os clientes que buscam plantas de fácil manejo e visual atraentes.
Especialista comenta sobre a restrição
Flávio Macedo Alves, botânico da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), explica que a murta é uma pequena árvore e considerada exótica, nativa da Ásia e da Oceania. Em terras brasileiras, se tornou popular pela facilidade de ser usada no paisagismo e na arborização urbana.
No entanto, ele ressalta que é preciso ficar atento aos prejuízos que ela pode causar. Para o botânico, a medida de proibição é positiva, desde que haja substituição das espécies.
“É uma espécie exótica, não é uma espécie nativa do Brasil. O que a gente precisa plantar nas ruas são espécies nativas. Com a remoção das murtas da arborização urbana, nós vamos estar resolvendo dois problemas: o problema econômico, que é diminuir a propagação do greening, doença que pode causar prejuízo na citricultura. E, ao mesmo tempo, nós podemos aproveitar essa situação para, em vez de colocar uma outra espécie exótica, uma outra espécie oriunda de outros continentes, nós escolhermos uma espécie que é nativa do cerrado, nativa de Mato Grosso do Sul“, disse.