Humanos poderiam ser abrigados nesta caverna descoberta na Lua
Diversos países começam a planejar uma possível base no satélite natural da Terra
Cientistas descobriram pela primeira vez uma caverna na Lua. Com pelo menos 100 metros de profundidade, ela poderia ser um local ideal para os humanos construírem uma base permanente, segundo os pesquisadores envolvidos na descoberta. Inclusive, esta é apenas uma entre provavelmente centenas de cavernas escondidas em um “mundo subterrâneo e não descoberto”.
A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Astronomy, em julho deste ano. Após a revelação, diversos países estão competindo para estabelecer uma presença humana permanente na Lua, mas eles precisarão proteger os astronautas da radiação, das temperaturas extremas e do clima espacial.
Possibilidade de abrigar humanos
Helen Sharman, a primeira astronauta britânica a viajar para o espaço, disse à BBC que a caverna recém-descoberta parece ser um bom lugar para uma base. Ela sugeriu que os humanos poderiam potencialmente estar vivendo em poços lunares daqui a 20 ou 30 anos. Contudo, Sharman observou que essa caverna é tão profunda que os astronautas podem precisar descer de rapel e usar “mochilas a jato ou um elevador” para sair.
Os pesquisadores Lorenzo Bruzzone e Leonardo Carrer, da Universidade de Trento, na Itália, encontraram a caverna usando um radar que penetrou a abertura do poço numa planície rochosa chamada Mare Tranquillitatis (Mar da tranquilidade). Essa área é visível a olho nu da Terra e também é onde a Apollo 11 pousou pela primeira vez na Lua em 1969.
A caverna tem uma abertura na superfície da Lua. As paredes verticais e íngremes descem até um piso inclinado que pode se estender ainda mais no subsolo. Ela foi formada milhões ou bilhões de anos atrás, quando lava fluía na Lua, criando um túnel na rocha. O equivalente mais próximo na Terra seriam as cavernas vulcânicas em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, Espanha, como explica o professor Leonardo Carrer, acrescentando que os pesquisadores visitaram esses locais como parte de seu trabalho.
Explorações devem continuar
“É muito emocionante. Quando você faz essas descobertas e olha essas imagens, percebe que é a primeira pessoa na história da humanidade a vê-las“, disse Carrer. Uma vez que os professores Bruzzone e Carrer entenderam o quão grande era a caverna, perceberam que poderia ser um bom local para uma base lunar. “Afinal, a vida na Terra começou em cavernas, então faz sentido que os humanos possam viver dentro delas na Lua“, pontuou.
A caverna ainda não foi totalmente explorada, mas os pesquisadores esperam que o radar de penetração no solo, câmeras ou até mesmo robôs possam ser usados para mapeá-la. Os cientistas perceberam pela primeira vez que poderia haver cavernas na Lua há cerca de 50 anos.
Em 2010, uma câmera em uma missão chamada Lunar Reconnaissance Orbiter tirou fotos de poços que os cientistas pensavam poder ser entradas de cavernas. Mas os pesquisadores não sabiam o quão profundos os poços poderiam ser, ou se teriam desmoronado. Sendo assim, o trabalho de Bruzzone e Carrer agora respondeu a essa pergunta, embora haja muito mais a ser feito para entender a dimensão completa da caverna.