Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo pelo PRTB, se mostrou um crítico ferrenho do Bolsa Família. Em sabatinas, ele chegou a sugerir que os beneficiários do programa de transferência de renda do Governo Federal são “desempregados profissionais“. Antes da campanha, prometeu que encerraria o que chamou de “bolsa miséria“.
São Paulo é a cidade do país com maior número de beneficiários do Bolsa Família, 695 mil. O valor médio pago por família é de R$ 669, visto que a iniciativa concede diversos benefícios adicionais aos segurados. Por conta disso, a folha de pagamento mensal do programa em São Paulo passa de R$ 450 milhões.
O candidato afirmou também que o Brasil “não gera mais emprego” por culpa do Bolsa Família. A fala foi dada em entrevista à GloboNews em 27 de agosto deste ano. A taxa de desemprego no país, por outro lado, atingiu o menor patamar para maio desde 2014 — 7,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Marçal já deu indícios de ser contra o Bolsa Família
Antes da campanha eleitoral, Marçal já criticava o Bolsa Família em suas palestras. Em um evento realizado em 2023, com imagens publicadas no TikTok, Marçal chamou o programa social de “bolsa miséria” e disse que era “um sequestro para manter as pessoas na pobreza“.
O candidato chegou a prometer que acabaria com o Bolsa Família em 2026 — ano das próximas eleições presidenciais. Na mesma palestra do ano passado, o coach disse que sua alternativa ao programa de transferência de renda seria reduzir impostos de empresas, para que contratassem mais. Um programa federal semelhante já existe há mais de uma década em cidades de pequeno e médio porte, ao custo de R$ 9,4 bilhões ao ano, sem ter eliminado a necessidade do Bolsa Família, que contempla hoje 21 milhões de famílias.
Em outra palestra, Marçal disse que o Bolsa Família é um “incentivo do governo para não fazer nada“. O vídeo foi publicado no YouTube. “Estamos doutrinando um povo para não prosperar. No final das contas é mais pra eleição, mas pra manter a cabeça dessas pessoas trancada“, afirmou. Vale frisar que o conteúdo publicado não revelou a data do evento.
Especialistas criticam Marçal
Para o pesquisador Rafael Osório, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento e Orçamento. “Quando alguém na família consegue emprego, mas a renda dividida pelos membros da casa é menor do que meio salário mínimo (R$ 754), é pago 50% do benefício por até dois anos“, diz Osório, que estuda políticas de distribuição de renda. Já se a renda por pessoa ultrapassa meio salário mínimo, o benefício é cortado. Conforme a lei brasileira, tem direito ao Bolsa Família quem tem renda familiar por pessoa igual ou menor a R$ 218.