O Banco Central do Brasil está desenvolvendo um novo modelo de financiamento imobiliário que busca reduzir a dependência dos recursos do FGTS e promover a poupança como fonte principal desse crédito. O anúncio foi feito pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em junho de 2025. As discussões com instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal, estão em andamento, mas ainda não foram divulgados detalhes específicos ou prazos para essa transição.
Em 2024, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ainda representou 27% do total de recursos aplicados no crédito imobiliário, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Este percentual reflete sua importância no financiamento habitacional, especialmente por meio do programa Minha Casa Minha Vida. Entretanto, o Banco Central pretende alinhar o Brasil a padrões internacionais, onde a poupança desempenha papel mais significativo no financiamento de imóveis.
Status do Financiamento Imobiliário no Brasil
No ano de 2024, o setor atingiu um recorde com R$ 312,4 bilhões em concessões, segundo a Abecip. Entretanto, com o aumento das taxas de juros, projeta-se para 2025 uma retração de 10% no volume de empréstimos, influenciada pelo esfriamento da demanda e alta dos juros. Este cenário força uma reavaliação das fontes de financiamento para garantir a sustentabilidade do crédito habitacional.
Desafios e Alternativas
A escassez de recursos na caderneta de poupança impactou a capacidade de financiamento da Caixa Econômica Federal. Desde 2021, a poupança registra saques superiores aos depósitos, resultando em uma perda acumulada de R$ 205 bilhões até julho de 2024. Isso levou a Caixa a buscar novas formas de garantir o financiamento, incluindo discussões com o Banco Central sobre a liberação de depósitos compulsórios para ampliar a oferta de crédito no setor.
Próximos Passos
O Banco Central pretende implementar gradualmente as mudanças necessárias para estabilizar e diversificar as fontes de financiamento imobiliário no Brasil. Até o momento, não há um cronograma definido, mas as expectativas são de que as discussões e adaptações ocorram ao longo dos próximos anos, buscando soluções inovadoras que garantam liquidez e acessibilidade ao financiamento habitacional.
Em suma, a iniciativa do Banco Central em promover a poupança como fonte primária de crédito imobiliário sinaliza uma tentativa de ajustar a estrutura financeira do setor no Brasil para se alinhar com padrões internacionais e enfrentar os desafios da escassez de recursos. Enquanto o FGTS ainda desempenha um papel crucial, as estratégias a serem implementadas poderão trazer novos equilíbrios ao mercado, dependendo do sucesso nas negociações e adaptações planejadas.