O Atestmed é uma plataforma desenvolvida para facilitar a concessão de auxílio-doença por meio de avaliação digital, eliminando a necessidade de consultas presenciais em certos casos. Entretanto, questões sobre sua eficácia e confiabilidade têm gerado preocupação, principalmente em relação à quantidade de benefícios cortados após avaliações presenciais subsequentes.
De acordo com a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP), aproximadamente 90% dos auxílios concedidos via Atestmed são revogados quando os beneficiários passam por perícias presenciais.
Esta discrepância aponta para possíveis falhas no sistema de avaliação digital, levantando dúvidas sobre a necessidade de supervisão mais rigorosa e revisão dos critérios utilizados na concessão dos benefícios.
Como funciona o Atestmed
O Atestmed possibilita que trabalhadores solicitem auxílio-doença sem a necessidade imediata de uma perícia médica presencial. Para atestados de afastamento de até 180 dias, basta anexar o documento médico ao pedido de benefício. O sistema, então, avalia se o atestado cumpre os requisitos e, se for o caso, concede automaticamente o auxílio.
No entanto, quando surge a necessidade de prorrogar o auxílio após seis meses, a presença de uma avaliação presencial se torna obrigatória. É nessa etapa que se observa um alto índice de cortes dos benefícios, evidenciando a diferença entre a avaliação automática do sistema e a análise médica presencial.
Eficiência do sistema Atestmed
A eficiência do Atestmed é questionada por especialistas que apontam falhas em seu processo de avaliação. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, o colunista Rômulo Saraiva descreveu a plataforma como um “canal para concessões em larga escala”.
Francisco Cardoso, vice-presidente da ANMP, criticou o sistema por conceder benefícios a pacientes com enfermidades não incapacitantes, como dermatite seborreica ou unha encravada, se os atestados sugerirem necessidade de afastamento.