A incrível jornada da sonda Chang’e-6, que recebeu o nome de uma divindade chinesa, marca um novo capítulo na exploração do espaço. Lançada em 3 de maio da província de Hainan, na China, essa missão robótica tem um objetivo ambicioso: coletar amostras inéditas do lado oculto da Lua, que podem revelar segredos sobre as origens e a evolução do nosso Sistema Solar.
Após um pouso bem-sucedido em uma imensa cratera conhecida como Apollo, localizada na remota bacia Polo Sul-Aitken, a sonda se encontrou em uma parte do satélite natural da Terra nunca antes explorada por missões anteriores. Esta área permanece fora do alcance visual direto da Terra, adicionando um elemento de mistério e desafio à missão.
A Chang’e-6 não é apenas mais uma missão na corrida espacial, como também representa um passo na compreensão de eventos significativos na história do nosso Sistema Solar. As amostras que a sonda está configurada para coletar podem oferecer novas perspectivas sobre o período de intenso bombardeio que ocorreu há bilhões de anos, uma era que moldou tanto a Terra quanto a Lua.
Como a Chang’e-6 coleta e retorna suas amostras
Dotada de um equipamento avançado para a coleta de amostras, a sonda teve uma janela de 14 horas para perfurar, escavar e, finalmente, selar cerca de 2 kg de material lunar. Esse procedimento requer uma precisão técnica extrema, dado que é a primeira vez que tais amostras são coletadas do lado mais isolado da Lua. Uma vez coletadas e seladas, as amostras são transferidas para um pequeno foguete, que se encarrega de enviá-las de volta ao espaço para serem acopladas a outra nave em órbita lunar.
De acordo com James Carpenter, chefe do escritório de ciência lunar da Agência Espacial Europeia, as amostras desta região são essenciais para ancorar os eventos geológicos passados do nosso sistema solar. Há uma expectativa palpável de que essas amostras fornecerão insights cruciais, nunca antes disponíveis, sobre a formação e a transformação dos corpos celestes da nossa galáxia.