Presidente da Caixa revela os dois motivos para suspensão do consignado do Auxílio Brasil

A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, tomou posse do cargo em cerimonia que ocorreu na noite da última quinta-feira (12), em Brasília (DF). Em seguida, em seu primeiro pronunciamento a frente do banco público, Serrano anunciou a suspensão do empréstimo consignado para beneficiários do Programa Auxílio Brasil e revelou os dois motivos que a levaram a tomar a decisão.

Apesar da linha de crédito para pessoas em situação de vulnerabilidade social (público do Auxílio Brasil) ter sofrido diversas críticas nos últimos meses, principalmente por conta da possibilidade de endividamento dos beneficiários, a presidente da Caixa listou os duas principais razões que contribuíram para a suspensão. Confira a justificativa de Rita Serrano:

  • “A primeira é porque o Ministério do Desenvolvimento Social vai revisar o cadastro, então, como o ministério vai revisar o cadastro, não é de bom tom que a gente mantenha, porque nós não sabemos quem ficará nesse cadastro ou não”;
  • “E a outra razão é que de fato os juros para essa modalidade consignada é um juros muito alto, então nós estamos também suspendendo para reavaliar essa questão dos juros e ver as possibilidades que existem para tentar baixar esses juros”.

A Caixa confirmou logo em seguida a suspensão da linha de crédito e afirmou que “para quem já contratou, nada muda. As parcelas serão debitadas de maneira regular e de acordo com cada contrato”. Ou seja, não deverá ocorrer o perdão da dívida do consignado, e as famílias que contrataram o empréstimo deverão seguir recebendo por volta de R$440 ao mês devido ao pagamento da parcela de até R$160 mensais, que seguirá sendo cobrada indecentemente da suspensão do consignado.

Presidente da Caixa revela motivos para suspensão do consignado do Auxílio Brasil

A nova presidente da Caixa assume o cargo que era de Daniella Marques, que foi indicada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no ano passado após os escândalos de assédio sexual envolvendo Pedro Guimarães. Ela descarta a possibilidade de perdão das dívidas do consignado do Auxílio Brasil mas afirma que as famílias podem receber alguma facilidade para o pagamento.

“Olha, nós não trabalhamos com essa perspectiva, até porque, perdão dos devedores, o banco não tem como fazer isso”, justificou. Segundo Serrano, o banco poderia negociar com o governo federal a implementação de novos “formatos para baixar os juros”. Além dos juros altos, a revisão cadastral também foi citado como um dos motivos para a suspensão.

Juros altos do consignado do Auxílio Brasil

Uma das razões, segundo a nova comandante do banco público, seria a taxa de juros cobrada dos beneficiários no momento da contratação. Rita reconheceu que o percentual cobrado das famílias em situação de vulnerabilidade social (público do Auxílio Brasil) é muito alto, e afirmou que, com a suspensão, o banco terá oportunidade de reavaliar o assunto e estudar possibilidades para reduzir o valor cobrado dos beneficiários.

A princípio, diversas empresas, entre bancos e financeiras, demonstraram interesse em trabalhar com o consignado do Auxílio Brasil, cobrando juros que chegavam a quase 100% ao ano em simulações antes da liberação, situação que levou o Ministério da Cidadania a estabelecer um teto de 3,5% ao mês, valor menor do que o percentual que as empresas pretendiam cobrar, mas ainda considerado alto em relação ao cobrado pelo mercado em geral.

Revisão cadastral do Auxílio Brasil

A nova presidente da Caixa também justificou a suspenção do consignado do Auxílio Brasil devido a revisão de cadastro dos beneficiários que ocorrerá nas próximas semanas. Ela explicou que não faz sentido conceder o crédito agora se existe possibilidade de algumas famílias deixarem de receber o benefício no futuro, situação que deixaria estes beneficiários endividados, já que o empréstimo precisaria continuar sendo pago.

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