Presidente da Caixa fala sobre os juros do consignado do Auxílio Brasil

Na noite da última quinta-feira (12), em Brasília (DF), aconteceu a cerimonia de posse de Rita Serrano, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assumir o cargo de presidente da Caixa Econômica Federal, substituindo Daniela Marques no comando do maior banco público do país. Serrano aproveitou o momento para anunciar a suspensão do empréstimo consignado para beneficiários do Programa Auxílio Brasil.

De acordo com a nova presidente da Caixa, uma das razões seria a taxa de juros cobrada dos beneficiários no momento da contratação. Rita reconheceu que o percentual cobrado das famílias em situação de vulnerabilidade social (público do Auxílio Brasil) é muito alto, e afirmou que, com a suspensão, o banco terá oportunidade de reavaliar o assunto e estudar possibilidades para reduzir o valor cobrado dos beneficiários.

“Nós estamos suspendendo o consignado do Auxílio [Brasil]. […] De fato os juros para essa modalidade consignada é um juros muito alto, então nós estamos também suspendendo para reavaliar essa questão dos juros e ver as possibilidades que existem para tentar baixar esses juros”

Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica Federal

A princípio, diversas empresas, entre bancos e financeiras, demonstraram interesse em trabalhar com o consignado do Auxílio Brasil, cobrando juros que chegavam a quase 100% ao ano em simulações antes da liberação, situação que levou o Ministério da Cidadania a estabelecer um teto de 3,5% ao mês, valor menor do que o percentual que as empresas pretendiam cobrar, mas ainda considerado alto em relação ao cobrado pelo mercado em geral.

Presidente da Caixa suspende o consignado do Auxílio Brasil

Além disso, a nova presidente da Caixa também justificou a suspenção do consignado do Auxílio Brasil devido a revisão de cadastro dos beneficiários que ocorrerá nas próximas semanas. Ela explicou que não faz sentido conceder o crédito agora se existe possibilidade de algumas famílias deixarem de receber o benefício no futuro, situação que deixaria estes beneficiários endividados, já que o empréstimo precisaria continuar sendo pago.

“O Ministério do Desenvolvimento Social vai revisar o cadastro, então, como o ministério vai revisar o cadastro, não é de bom tom que a gente mantenha, porque nós não sabemos quem ficará nesse cadastro ou não”

Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica Federal

Perdão da dívida do Auxílio Brasil

Uma questão que tem sido amplamente discutida entre os beneficiários do Programa Auxílio Brasil seria a possibilidade do banco ou do governo perdoarem a dívida, livrando as famílias das parcelas mensais que reduzem o valor recebido mensalmente através do programa de transferência de renda. Mas a nova presidente do banco descarta a possibilidade.

“Olha, nós não trabalhamos com essa perspectiva, até porque, perdão dos devedores, o banco não tem como fazer isso”, justificou Rita Serrano, presidente da Caixa. No entanto, não foram descartadas todas as possibilidades de ajuda aos beneficiários para resolver a questão do endividamento, já que, segundo Serrano, o banco poderia negociar com o governo federal a implementação de novos “formatos para baixar os juros”, o que poderia auxiliar as famílias.

A Caixa confirmou logo em seguida a suspensão da linha de crédito e afirmou que “para quem já contratou, nada muda. As parcelas serão debitadas de maneira regular e de acordo com cada contrato”. Ou seja, não deverá ocorrer o perdão da dívida do consignado, e as famílias que contrataram o empréstimo deverão seguir recebendo por volta de R$440 ao mês devido ao pagamento da parcela de até R$160 mensais, que seguirá sendo cobrada indecentemente da suspensão do consignado.

Perdão do consignado do Auxílio Brasil não deve acontecer, mas há outras possibilidades

Recentemente, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT-PI), que ficou responsável pelo antigo Ministério da Cidadania, concedeu uma entrevista ao Jornal O Globo, onde não confirmou que o governo perdoará as dívidas, mas afirmou que está sendo elaborado um programa de refinanciamento de dívidas batizado de Desenrola Brasil.

De acordo com o ministro, o programa deverá auxiliar todos os brasileiros com dívidas atrasadas (cerca de 80 milhões) a conseguirem um refinanciamento e descontos em parcelamentos. Este programa também poderá ser destinado aos beneficiários do Auxílio Brasil que solicitaram o empréstimo consignado nos últimos meses do ano passado. Ou seja, não deverá haver perdão da dívida, mas outras possibilidades podem ser exploradas.

Isso porque, através do Desenrola Brasil, os beneficiários do programa de transferência de renda que solicitaram o crédito poderão contar com algumas facilidades para o pagamento da dívida, como uma possível renegociação que reduziria as taxas e poderia diminuir o valor das parcelas, que poderiam inclusive serem pagas em mais vezes pelas famílias. No entanto, é preciso lembrar que se tratam apenas de possibilidades, sendo necessário aguardar a implementação do Desenrola Brasil para se verificar as condições de possíveis renegociações.

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