WhatsApp pode chegar ao fim neste país após presidente pedir boicote
O chefe do Executivo não poupou críticas à plataforma
Na última segunda-feira (5), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu à população que boicotassem o aplicativo de mensagens da Meta, o WhatsApp. O chefe do Executivo alegou que militares, policiais e líderes comunitários que defendem sua polêmica reeleição receberam “ameaças” por meio da plataforma.
“Vou romper relações com o WhatsApp, porque estão usando o WhatsApp para ameaçar a Venezuela e, então, eu vou eliminar o WhatsApp do meu telefone para sempre. Pouco a pouco vou passar meus contatos para o Telegram, o WeChat“, disse Maduro durante uma manifestação de apoiadores do chavismo.
“Diga não ao WhatsApp“, continuou, incentivando a retirada “voluntária, progressiva e radical” do app. “Pelo WhatsApp estão ameaçando a família militar venezuelana, a família policial, e os líderes das ruas e a comunidade“, acrescentou.
Maduro x redes sociais
Na véspera do evento, o presidente venezuelano havia anunciado que as redes sociais estão sendo usadas para promover “divisão” e “ódio” entre a população local e apontou diretamente ao Instagram e ao TikTok. “Acuso o Instagram por sua responsabilidade na instalação do ódio para dividir os venezuelanos, para buscar uma matança e uma divisão na Venezuela, para trazer o fascismo para a Venezuela“, afirmou.
Inclusive, Maduro pediu publicamente “recomendações” a seus funcionários de segurança para regular o uso das plataformas sociais, nas quais foram divulgadas imagens e vídeos dos protestos contra sua reeleição, bem como denúncias sobre as operações das forças de segurança, que resultaram em mais de 2 mil detidos, segundo o próprio presidente.
O chefe do Executivo foi declarado pela autoridade eleitoral o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho com 52% dos votos contra 43% para seu principal adversário, o opositor Edmundo González Urrutia, que denuncia fraude e exige a apresentação pública de todas as atas eleitorais.
Vale destacar que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não divulgou resultados detalhados da votação e alega que seu sistema foi hackeado. No que diz respeito à difusão de “mensagens de ódio” nas redes sociais, a pena varia de 10 a 20 anos de prisão na Venezuela, conforme previsto em uma lei aprovada em 2017.
Entrega das atas
De acordo com as informações divulgadas pela agência de notícias AFP, o CNE da Venezuela entregou as atas das eleições presidenciais à Corte Suprema na última segunda-feira (5). “Entrega-se tudo o que foi solicitado pelo máximo Tribunal da República“, disse o chefe do CNE, Elvis Amoroso. A declaração foi feita durante audiência no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). Tanto o CNE quanto o TSJ são acusados pela oposição de servir ao chavismo no poder.
O TSJ da Venezuela pediu as atas à autoridade eleitoral no dia 2 de agosto. O pedido foi uma resposta a um recurso apresentado por Maduro para que o tribunal “certifique” os resultados, o que a oposição rejeita, por considerar que não é de suma competência. A Corte Suprema havia dado prazo de três dias úteis para o cumprimento da decisão.