O atrito entre os deputados Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante), com direito a xingamentos e, por pouco, não acabou em agressão física, foi antecedido por provocações de ambos os lados no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Na sessão realizada na última quarta-feira (5), Janones não foi cassado por rachadinha após a aprovação de um parecer do candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSol).
Minutos antes da decisão ser anunciada, Nikolas e Janones já demonstravam que o clima iria fechar. O portal Metrópoles conseguiu registrar o momento em que ambos colocam a mão na frente da boca e, bem próximos um do outro, cochicham em tom de provocação.
O que disseram os parlamentares?
Sentado à frente de Nikolas, Janones se vira para trás e inicia a interação; enquanto o deputado bolsonarista reage:
Nikolas Ferreira: “Você não aguenta, Janones. Você é fraquinho demais na rede social. Você tem 10% dos meus votos. Cala a boca! Tá muito longe de votos“.
André Janones: “Vou vencer de novo em 2026. Você tá treinando para cair na hora da eleição. Você já entrou no Palácio? Perdeu e vai perder de novo. Eu vou eleger o Lula de novo em 2026. Vou eleger o Lula em 2026“.
Nikolas Ferreira: “Vira pra frente aí, Janones. Tá atrapalhando. Ô, ‘Rachadones‘. Você tem 10% dos meus votos“.
Os deputados estavam tão próximos um do outro durante as provocações que outro parlamentar chegou a brincar, comentando que “estava rolando um clima”. Ao fim da sessão no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Nikolas Ferreira e André Janones quase chegaram às vidas de fato, mas foram contidos.
Arquivamento do processo disciplinar
Como informado anteriormente, na quarta-feira (5), o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquivou o processo disciplinar contra o deputado André Janones por suposta prática de rachadinha. Em dezembro do ano passado, o PL pediu a cassação do parlamentar com base no áudio de um ex-funcionário sobre gastos de campanha eleitoral em 2016. O político filiado ao Avante sempre negou qualquer irregularidade.
Na audiência, a maioria dos deputados (12 a 5) votou pelo arquivamento por entender que o caso ocorreu antes do atual mandato e, por conta disso, estaria fora do alcance do Conselho de Ética. Cabe destacar que a denúncia teve como base a reportagem veiculada pelo Metrópole. O deputado disse que seu ex-assessor adulterou o áudio usado no material em que supostamente comprova o pagamento de parte do salário.
Segundo Janones, o assessor, quando intimado pela Polícia Federal, negou a existência da prática irregular. “O delegado pega a matéria e fala: ‘Olha, mas você está se contradizendo porque, no Metrópoles, você disse que envolveu dinheiro’. Ele falou assim: ‘Eu fui candidato e serei novamente. Na mídia, eu falo o que eu quiser, mas na Justiça eu tenho que prestar conta das minhas palavras. Nunca vi ele fazer e nunca fiz [rachadinha]’. O denunciante disse isso, e está no inquérito da Polícia Federal“, afirmou o deputado.