Recentemente, um grande escândalo financeiro envolvendo a conhecida varejista Americanas veio à tona, expondo práticas de manipulação financeira que chocaram o mercado. Este caso, que agora está sob investigação intensiva da Polícia Federal (PF) e outros órgãos reguladores, envolve estratégias ilícitas de gestão contábil que promoveram a distorção de resultados financeiros para beneficiar indevidamente executivos e influenciar o mercado de ações.
De acordo com as autoridades, a fraude envolvia a maquiagem dos números contábeis em partidas como operações de “risco sacado” e “verbas de propaganda cooperada” (VPC). Essas manipulações criaram uma imagem financeira da empresa que não apenas era inautêntica, mas também preparou o terreno para que os envolvidos lucrassem ilegalmente através de bônus e transações de ações.
O que é risco sacado e como foi usado no caso Americanas
O “risco sacado” é um expediente financeiro normalmente utilizado para gerenciar dívidas com fornecedores, passando a responsabilidade de pagamento para uma instituição financeira. No entanto, analistas apontam que, no escândalo da Americanas, esse mecanismo foi manipulado. As dívidas com fornecedores, em vez de serem adequadamente realocadas, eram eliminadas dos registros contábeis, como se fossem liquidadas.
Essa prática distorcia a saúde financeira da empresa, sugerindo uma capacidade de liquidação e uma posição de caixa muito melhores do que a realidade. Tal medida era claramente voltada para inflar as ações no mercado, conduzindo a benefícios indevidos para a diretoria através de bônus de desempenho baseados em resultados artificiais.
Impacto das verbas de propaganda cooperada infladas
Além da manipulação via “risco sacado”, outro componente da fraude envolvia as verbas de propaganda cooperada. Esse mecanismo, que devia servir como um incentivo promocional entre varejistas e fornecedores, foi usado para inflar ainda mais os números relatados nos balanços financeiros da Americanas. As VPCs, que supostamente deveriam refletir descontos recebidos pela promoção de produtos, foram reportadas em valores muito acima dos reais.
Essa tática não apenas enganou os investidores, mas também afetou a confiança do mercado na integridade das operações da empresa, uma vez que as divulgações financeiras não mais refletiam a verdadeira situação econômica da organização.
Consequências judiciais
Em resposta às alegações, a Americanas expressou através de nota oficial que confia no trabalho das autoridades e aguarda pela responsabilização judicial dos envolvidos, reforçando sua posição como vítima das manipulações. No cenário jurídico, os ex-executivos podem enfrentar sérias acusações, incluindo manipulação de mercado e lavagem de dinheiro, com possíveis penas que podem chegar até 26 anos de prisão.
A recuperação judicial da companhia está agora entre as maiores em andamento no país, com as dívidas envolvendo valores impressionantes. Veja abaixo a lista dos 10 maiores valores de recuperações judiciais do Brasil:
- Americanas: R$ 50,87 bilhões
- Oi: R$ 50,61 bilhões
- Light: R$ 16,76 bilhões
- OSX Brasil: R$ 8,5 bilhões
- Paranapanema: R$ R$ 5,2 bilhões
- Coteminas: R$ 2,46 bilhões
- Springs: R$ 2,19 bilhões
- Renova: R$ 1,7 bilhões
- João Fortes: R$ 1,5 bilhões
- Teka: R$ 1,2 bilhão