A máquina de vendas automáticas no restaurante de ramen de Hiroshi Nishitani, em Tóquio, tem sido confiável por mais de uma década. Os clientes inserem dinheiro e ela imprime seus pedidos. Neste meio tempo, o cozinheiro prepara os macarrões frescos na cozinha. A comida, então, é servida poucos minutos depois que o cliente entrega o pedido aos dois funcionários do balcão.
No entanto, os dias da máquina de vendas automática estão contados. Isso porque o Japão está prestes a implementar um novo conjunto de notas bancárias neste verão, algo que faz a cada 20 anos ou mais para impedir a falsificação de suas cédulas. A máquina, já muito antiga para aceitar as novas versões dos desenhos, não aceitará as novas moedas.
O fim de uma era
Em todo o Japão, restaurantes, cafeterias, casas de banho e outros negócios estão enfrentando uma perspectiva parecida. De acordo com a Nikkei Compass, uma base de dados para relatórios da indústria, o país asiático tem 4,1 milhões de máquinas de vendas automáticas. Com isso, muitas delas ficarão obsoletas quando as novas notas de 1 mil, 5 mil e 10 mil ienes, com holograma embutido, começarem a circular em terras japonesas no mês de julho.
No Japão, onde a força de trabalho está cada vez mais enxuta, as máquinas reduzem a necessidade de caixas e atendentes. Entre os mais dependentes das máquinas estão as lojas de ramen, que servem uma das refeições favoritas e mais acessíveis da classe trabalhadora japonesa.
O ramen, uma massa feita de trigo com caldo bem saboroso, se tornou parte integrante da culinária japonesa depois de se popularizar na década de 1980, quando a economia do país decolou. A partir daí, os restaurantes se espalharam conforme as pessoas clamavam por uma refeição rápida e que dava sustância, com os chefs experimentando novos ingredientes. Atualmente, muitos deles dedicam suas vidas para aperfeiçoar o prato.
Medidas compensatórias
Para compensar o custo de atualização ou substituição das máquinas de vendas automáticas, algumas cidades japonesas oferecem subsídios, mas a maior parte do custo vai acabar caindo sobre o bolso dos proprietários das lojas. De acordo com Masahiro Kawamura, gerente de vendas da Elcom, uma companhia de Tóquio que vende máquinas de vendas automáticas, um aparelho novo pode custar 2 milhões de ienes (cerca de R$ 68 mil, na cotação atual).
Cabe destacar que as novas notas bancárias estão aumentando as pressões sobre os pequenos empreendimentos no Japão. Neste sentido, recentemente, a inflação acelerou depois de permanecer baixa por anos, e o país entrou em recessão. O aumento dos preços da farinha e da eletricidade acrescentou às despesas das lojas de ramen em particular.
Analistas da Tokyo Shoko Research disseram que 45 restaurantes de ramen em todo o Japão haviam pedido falência em 2023, o maior número desde 2009. Com os clientes não acostumados a aumentos, os negócios têm relutado para aumentar os seus preços. Entre os chefes de ramen, o limite amplamente aceito para uma tigela do alimento é conhecido como a “barreira dos mil ienes”.