Perito que fez laudo da morte do filho de Alckmin é condenado por falsificação
Justiça negou recurso do acusado. Detalhes do acidente foram relembrados.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) decidiu manter a condenação do perito Hélio Rodrigues Ramaccioti, acusado de falsificar o laudo investigativo do acidente aéreo ocorrido em 2015, em Carapicuíba, que resultou na morte de Thomaz Alckmin, filho do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). Ramaccioti, já condenado em primeira instância, teve seu recurso negado.
A condenação inicial, proferida em março deste ano pela juíza Carolina Hispagnol Marchi, da comarca de Carapicuíba, foi por falso testemunho e falsa perícia. Na última quarta-feira (28/8), o desembargador Marcelo Gordo confirmou a decisão, mantendo a pena em regime aberto.
O desembargador Marcelo Gordo destacou que as “falsidades apontadas” no laudo de Ramaccioti, além de outros erros na investigação criminal, quase desviaram os rumos do inquérito. Isso resultou no indiciamento indevido de pessoas, segundo o desembargador. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) analisou fotografias do acidente e constatou que, diferente do que foi informado pelo perito, o painel de controle estava danificado e as chaves estavam em posições incorretas para voo.
Erros identificados na investigação do acidente de Thomaz Alckmin
Durante a investigação, foram identificados erros significativos no laudo de Hélio Ramaccioti. Entre os problemas, estavam as falsidades acerca do modelo e da certificação da aeronave. Além disso, ao comparar o laudo emitido por Ramaccioti com o elaborado pela Aeronáutica, percebeu-se que o primeiro era uma cópia do segundo. Esses erros poderiam ter desviado o curso da investigação e comprometido a busca pela verdade sobre o acidente.
Ramaccioti defendeu-se dizendo que seus 27 anos de experiência como perito criminal e engenheiro eram suficientes para garantir a veracidade de suas análises. Ele negou ter cometido qualquer erro técnico ou científico. No entanto, o desembargador Marcelo Gordo questionou como um profissional tão experiente poderia fornecer informações inconsistentes e sem uma explicação plausível. Testemunhas também relataram que o perito adotou uma postura defensiva ao ser questionado.
Em nota ao portal Metrópoles, a defesa de Ramaccioti afirmou que a decisão confronta não apenas as evidências, mas também depoimentos de diversos especialistas. Segundo a defesa, o laudo convergente do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que sustenta a mesma conclusão, foi ignorado. A equipe jurídica de Ramaccioti afirma que há ainda muitos recursos possíveis e que buscarão o reconhecimento da inocência do cliente.
Detalhes do acidente de 2015
O trágico acidente ocorreu em 2 de abril de 2015, em Carapicuíba, São Paulo. Estavam no helicóptero da empresa Seripatri, além de Thomaz Alckmin, o piloto Carlos Haroldo Isquerdo Gonçalves e os mecânicos Paulo Henrique Moraes, Erick Martinho e Leandro Souza. Todos os ocupantes faleceram no acidente.