Nos últimos meses, o mercado imobiliário brasileiro vivenciou uma transformação significativa, especialmente evidente no segundo trimestre do ano. Com um recorde de vendas de imóveis novos, totalizando 93.743 unidades, o setor presenciou uma alteração no perfil das moradias ofertadas no país. Porém, a grande notícia é a redução da oferta para a classe média, tradicionalmente o alicerce desse mercado.
Essa tendência é notável em São Paulo, o maior mercado do Brasil, mas dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) mostram que a situação se repete em diferentes estados. Das 88.900 unidades vendidas em São Paulo nos últimos 12 meses até julho, metade integrou o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), enquanto a outra metade foi dividida entre imóveis de alto padrão e estúdios, além de opções para a classe média.
Por que a oferta para a classe média está encolhendo?
A mudança no cenário imobiliário tem várias causas, mas uma das principais é o aumento do custo de financiamento. A pesquisa da Brain Inteligência Estratégica em parceria com a Abrainc revelou que o lançamento de unidades residenciais voltadas para a classe média caiu de 65% para 45% do total entre o segundo trimestre de 2023 e 2024.
Paralelamente, as unidades do MCMV subiram de 29% para 49% nesse mesmo período.
Programa Minha Casa, Minha Vida
As construtoras estão focando nos lançamentos para o Minha Casa, Minha Vida, com imóveis que variam entre R$ 350 mil e 42 metros quadrados, o que está impulsionando o programa recentemente ajustado para beneficiar famílias de menor renda.
Essa estratégia ajudou a compensar parte da retração do mercado da classe média, que enfrenta dificuldades para adquirir crédito devido às taxas de juros elevadas.
Classe média
A perda de poder aquisitivo da classe média é uma preocupação crescente, como destaca um estudo do banco Santander. Mesmo que os bancos não tenham aumentado as taxas de financiamento, o acesso ao crédito é uma barreira. Especialistas afirmam que a decisão de compra está fortemente relacionada à oferta de crédito e ao impacto da inflação.
Construtoras estão adaptando suas estratégias de mercado, lançando produtos tanto para o MCMV quanto para as faixas de renda mais elevadas.