O recente ajuste do Bolsa Família em 2025 gerou um impacto relevante no mercado de trabalho brasileiro. De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), liderado por Daniel Duque, constatou-se que a cada duas famílias beneficiadas, uma acaba desistindo de buscar emprego formal. Esse fenômeno é especialmente marcante entre jovens de 14 a 30 anos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O aumento do valor médio do benefício para R$ 670 elevou a cobertura para mais de 21 milhões de famílias, representando uma significativa parcela da renda desses beneficiários.
O Impacto do Bolsa Família sobre o Emprego
De acordo com a pesquisa, a formalização do emprego entre beneficiários do Bolsa Família sofreu quando comparada a grupos não elegíveis. Isso ocorre porque o benefício agora representa 35% da renda mediana do trabalho — um aumento considerável em relação aos 15% anteriores. Esse crescimento é apontado como um dos fatores que desestimula a busca por empregos formais.
Participação Reduzida no Mercado de Trabalho
O levantamento mostrou uma queda de 11% na participação geral dos beneficiários no mercado de trabalho após o aumento do valor do Bolsa Família. Além disso, a formalização de empregos também é afetada, com o programa muitas vezes oferecendo uma renda mais estável do que o trabalho formal, especialmente em regiões com salários mais baixos.
Sugestões para o Futuro do Programa
Especialistas têm sugerido ajustes no Bolsa Família para mitigar esses efeitos. Entre as propostas estão a redução do valor do benefício básico e o redirecionamento de recursos para grupos mais vulneráveis, como famílias com mães solo e jovens que abandonaram os estudos por necessidade de complementar a renda. Integrar o programa com políticas educacionais e de qualificação profissional também é visto como um caminho para promover autonomia econômica.
Em agosto de 2025, o governo revisou as regras de transição do programa, permitindo que famílias que ultrapassem o limite de renda permaneçam por mais 12 meses recebendo parte do benefício. As discussões continuam para que o Bolsa Família se mantenha como um suporte eficaz sem comprometer a dinâmica do mercado de trabalho. O próximo passo inclui avaliar alternativas que incentivem a participação no mercado de trabalho enquanto se reforça o suporte social que o programa oferece.