O próximo evento de finanças do G20 no Rio de Janeiro está prestes a abordar questões críticas sobre a inclusão financeira no Brasil. Um estudo abrangente, liderado pelo Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV em conjunto com o Banco Central, será apresentado durante o evento para a discussão.
Os dados são alarmantes: mais de um terço dos beneficiários do Bolsa Família estão endividados, com níveis de comprometimento de renda que superam a média nacional. A bancarização aumentou o acesso ao crédito, mas também trouxe consigo níveis preocupantes de endividamento.
No Brasil, cerca de 98% dos adultos de baixa renda cadastrados no Cadastro Único dos programas sociais têm acesso a uma conta corrente ou conta de pagamento. Essa conquista representa um avanço significativo na inclusão financeira, impulsionado pelo advento do Pix e pelas mudanças no Novo Bolsa Família.
Apesar deste progresso, o estudo também levantou desafios. Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Microfinanças da FGV, indicou que o comprometimento de renda com o pagamento de dívidas dos beneficiários foi de aproximadamente 36% para os homens e 38% para as mulheres em 2022, números bem acima da média nacional de 25%, conforme dados do Banco Central.
Como o endividamento afeta as famílias do Bolsa Família
A fácil disponibilidade de crédito resultou em um alto grau de comprometimento de renda entre os beneficiários do Bolsa Família. Muitas dessas famílias acabam destinando uma parte significativa da sua renda para pagar dívidas, comprometendo sua qualidade de vida.
O problema se agrava pela falta de educação financeira adequada, o que dificulta que essas famílias administrem suas finanças de maneira eficiente. A Parceria Global para Inclusão Financeira (GPFI) realizará plenárias entre 25 e 27 de setembro no Rio de Janeiro para discutir essas questões e buscar soluções.
O estudo a ser detalhado no evento proporciona insights importantes sobre a inclusão financeira no Brasil. A cooperação entre governo, instituições financeiras e organismos internacionais, como o G20, é fundamental para enfrentar esses desafios.