População japonesa trabalha 20 anos a mais que os brasileiros

Por lá, o trabalho e tido como uma atividade vital, sendo considerado uma desonra trabalhar pouco

Segundo uma reportagem do portal Bloomberg, cada vez mais os japoneses estão adiando a aposentadoria e continuando a trabalhar até os 70 anos ou mais. Com uma das expectativas de vida mais altas do planeta — 81 anos para homens e 87 para mulheres — e uma pressão crescente sobre o sistema de pensões, muitos idosos no Japão se veem obrigados a continuar trabalhando para cobrir suas despesas.

Essa é uma realidade cada vez mais comum, sendo observada em diversos países desenvolvidos, onde o envelhecimento da população e a longevidade trazem desafios crescentes para a sustentabilidade dos sistemas de Previdência Social. Em terras japonesas, por sua vez, o problema é ainda mais grave devido ao envelhecimento avançado da sua população.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 20% dos idosos japoneses vivem em condições de pobreza, um percentual significativamente superior à média da OCDE, que é de 14,2%. A pressão sobre o sistema de pensões do país, aliada à recente alta da inflação, faz com que muitos idosos sejam obrigados a complementar sua renda com trabalho.

O aumento dos preços de bens de consumo e a crise no sistema de pensões são questões centrais no debate político no Japão. Com as eleições para o novo primeiro-ministro batendo na porta, espera-se que os candidatos discutam propostas para aliviar o impacto econômico sobre a população idosa, que já sofre com os efeitos da inflação e da estagnação salarial.

Como é o cenário no Brasil?

Em terras brasileiras, 13.454.522 milhões de trabalhadoras e trabalhadores com idade superior a 50 anos estão ativos em uma variedade de ocupações, conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022. Entretanto, uma característica desses trabalhadores é a prevalência de atividades com baixa remuneração e exigência educacional, o que pode ser apreendido pelo registro das ocupações desempenhadas por eles, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)

Ocupações dos brasileiros com mais de 50 anos na CBO

  • 1. Com mais de 50 anos: 10.405.094;
  • 2. Com mais de 60 anos: 2.713.326;
  • 3. Com mais de 70 anos: 314.370;
  • 4. Com mais de 80 anos: 21.732;
  • 5. Total: 13.454.522.

Especialista discorda dos dados

O coordenador-geral de Estudos e Estatísticas do Trabalho, Felipe Vella Pateo, destaca que os dados não apenas refletem a realidade atual do mercado de trabalho para pessoas com mais de 50 anos, mas também destacam a importância de reconhecer e valorizar a contribuição desses profissionais para a economia e a sociedade como um todo.

Segundo Felipe Pateo, a estrutura econômica do Brasil continua gerando predominantemente postos de trabalho em setores básicos de serviços, subutilizando o potencial desses profissionais experientes. Ele ressalta a necessidade de avançar para a geração de mais empregos na indústria e em setores de serviços avançados, onde esses trabalhadores qualificados possam desempenhar papéis de supervisão e mentoria, repassando seu conhecimento para as gerações mais jovens.

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