De acordo com o instituto de pesquisa Global Footprint Network, a última quinta-feira, 1º de agosto, ficou marcada como o “Dia da Sobrecarga” ecológica. Em apenas sete meses, a Humanidade consumiu mais recursos naturais e emitiu mais gases de efeito estufa do que a Terra é capaz de produzir ou de absorver ao longo de um ano. O marco foi alcançado 15 horas mais cedo do que no ano passado.
A data é um símbolo claro do consumo excessivo dos recursos naturais do planeta. Nesse ritmo, seriam necessárias 1,7 Terras para sustentar os seres humanos. No entanto, como dizem os slogans e campanhas de ONGs ambientalistas, só temos um planeta disponível: “não existe planeta B”. Com este marco, especialistas pedem que a sociedade adote um estilo de vida mais sustentável.
Como é calculada a pegada ecológica?
Para medir a pressão da atividade humana na Terra, é preciso comparar dois conceitos: a pegada ecológica da população e a capacidade biológica de um território. Todos os recursos naturais que a humanidade necessita para alimentação, habitação, transporte e para compensar os resíduos que gera, inclusive gases de efeito estufa, são considerados.
Esses recursos são então reduzidos a uma superfície: um campo para produzir cereais, pastagens para o gado, uma floresta para a madeira e um oceano para os peixes. Também é incluída a superfície necessária para absorver o CO2 produzido pelas atividades humanas. Esta “pegada” depende do número de habitantes de uma área e do seu estilo de vida.
A capacidade biológica da Terra
A capacidade biológica de um território representa a superfície necessária para produzir recursos naturais e serviços ecológicos renováveis. A Global Footprint Network realiza esses cálculos, medidos em “hectares globais”, para cada país. Eles utilizam uma grande variedade de dados, como terras cultivadas ou florestais e consumo de energia, fornecidos por agências das Nações Unidas, e que são atualizados anualmente.
Atualmente, a capacidade biológica da Terra foi estimada em 12 bilhões de hectares globais, enquanto os humanos utilizam o equivalente a 20 bilhões de hectares por ano, ou seja: 1,7 vezes mais. Para tornar a compreensão deste valor ainda mais acessível, as ONGs converteram o índice numa “dívida” anual: os humanos consomem os recursos renováveis da Terra em sete meses e, teoricamente, vivem “a crédito” até o resto do ano.
O que pode ser feito para reverter esse cenário?
Embora o Dia da Sobrecarga tenha permanecido bastante estável ao longo da última década, a resposta global ainda não conseguiu cumprir os objetivos estabelecidos internacionalmente para proteger o planeta. Entre esses objetivos estão manter 30% da biosfera mundial até 2030 e reduzir as emissões de carbono em cerca de 45% em relação a 2010.
De acordo com a Global Footprint Network, apenas a redução das emissões de carbono já seria responsável por adiar o Dia da Sobrecarga em 22 dias por ano durante os próximos seis anos. Desde 1970, esta data foi antecipada em cinco meses, mostrando a urgência de novas medidas. O futuro da Terra necessitaria de ações mais concretas.