Vida na Terra deve existir muito antes do que a ciência sabia até hoje

Acredita-se que a vida como conhecemos atualmente surgiu em um momento posterior; entenda.

Há pouco mais de 10 anos, a comunidade científica entende que as formas de vida mais complexas surgiram em nosso planeta há cerca de 635 milhões de anos. Entretanto, um novo estudo sugere que algumas espécies já podem ter começado a ocupar os oceanos há mais de 1,5 bilhão de anos antes disso.

A pesquisa pôde ser feita a partir de análises de um ecossistema na Bacia de Franceville, perto do Gabão (África), sendo conduzida por uma equipe de pesquisadores internacionais, encabeçada por Ernest Chi Fru, da Universidade de Cardiff (Reino Unido). As descobertas foram publicadas na revista científica Precambrian Research.

Como os cientistas chegaram nesta conclusão?

Por meio de análise geoquímica das incomuns rochas sedimentares da Bacia de Franceville, na África Central, a equipe identificou que a região foi palco da colisão de dois continentes: os crátons (estruturas geológicas) do Congo e do São Francisco. O fenômeno em questão fez com que um corpo de água se formasse isolado do oceano global, criando, assim, um mar interior raso e rico em nutrientes.

Sabemos que a disponibilidade de fósforo no ambiente foi essencial para a evolução da vida na Terra, especialmente na transição de organismos unicelulares simples para organismos complexos, como animais e plantas“, disse Fru, em comunicado à imprensa. “Além do episódio de evolução biológica de 635 milhões de anos atrás, nosso estudo indica a existência de um episódio ainda anterior a esse, há 2,1 bilhões de anos“, destacou.

Os pesquisadores acreditam que, neste ecossistema, a fotossíntese por cianobactérias foi abundante, levando à oxigenação da água do mar local e à geração de um grande recurso alimentar. Tais condições teriam fornecido energia suficiente para formas de vida primitivas aumentarem o tamanho de seus corpos e desenvolverem comportamentos mais complexos.


primeira forma de vida
Macrofósseis lobados (Foto: Ilustração por Abderrazzak El Albani/Universidade de Poitiers)

À BBC, Fru relata que, se a teoria estiver correta, essas formas de vida teriam sido semelhantes a mofos limosos. Isto é, um tipo de organismo unicelular sem cérebro que se reproduz com esporos. Para facilitar o entendimento, veja a explicação dos cientistas.

Evolução em duas etapas

Para os pesquisadores, é possível que a natureza restrita da massa de água onde essas espécies primitivas mais complexas surgiram, juntamente com as condições hostis para além dos limites desse ambiente, teriam impedido que essas formas de vida se estabelecessem globalmente. Por conta disso, os cientistas defendem que a sua evolução aconteceu em duas etapas distintas.

A primeira fase teria ocorrido de forma restrita na região do Gabão após o aumento no teor de oxigênio atmosférico há 2,1 bilhões de anos. Após cerca de 1,5 bilhão de anos, um segundo aumento nos níveis de oxigênio atmosférico teria levado à onda evolutiva que os pesquisadores já estudam há mais de 10 anos.

Embora a primeira tentativa não tenha conseguido se espalhar, a segunda criou a biodiversidade animal que vemos na Terra hoje“, aponta Fru. Agora, ele e sua equipe trabalham para impor melhores restrições às condições ambientais que explicam o aparecimento desses fósseis enigmáticos.

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