Na última segunda-feira (1º), o dólar chegou ao patamar de R$ 5,65 no pregão do Ibovespa, a maior cotação desde janeiro de 2022. Na previsão dos especialistas, a tendência é que o câmbio aumente ainda mais, enquanto a moeda estadunidense deve encerrar o ano acima da previsão do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central (BC), de R$ 5,20.
O motivo do aumento, ainda segundo os especialistas, é que o cenário internacional de corte de juros nos Estados Unidos não se concretize. Além disso, em terras brasileiras, as discussões sobre o alcance da meta fiscal de déficit zero em 2024 e 2025 devem continuar pressionando o Real e, consequentemente, fazer a disparidade entre as moedas ficar ainda maior.
Mais detalhes sobre o avanço do dólar
De acordo com o portal Inteligência Financeira, o dólar começou a sua escalada rumo à cotação de R$ 5,65 em abril. Isso porque, segundo economistas e analistas ouvidos pela reportagem, há a suspeita por parte do mercado de que o arcabouço fiscal não seja alcançável sem medidas de cortes de despesas primárias do Governo Federal.
No entanto, fora do nosso país, o dólar vem se valorizando contra as demais moedas do mundo neste ano, principalmente sobre as de nações emergentes. No semestre, a divisa norte-americana subiu 8,36% se comparada com o peso mexicano, por exemplo, divisa favorita na comparação com o Real. O motivo da forte alta do dólar em escala global é, segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank, a mudança de projeções de juros nos EUA.
Para a economista, existia uma expectativa de que o banco central dos EUA, o Federal Reserve (FED), pudesse cortar juros no primeiro trimestre — algo que não se concretizou. No entanto, ainda segundo a especialista, vieram dados mais fortes de atividade, como emprego e Produto Interno Bruto (PIB). Com isso, juros altos na economia estadunidense por mais tempo acabam atraindo o dólar, sobrando menos da moeda no Brasil.
Por que o Real ficou menos atrativo no resto do mundo?
Vale lembrar que, desde o começo do ano, o FED manteve uma postura inflexível e optou por não cortar os juros. Por outro lado, o BC iniciou um ciclo de baixa na Selic, a taxa básica de juros, desde agosto do ano passado.
Diante deste cenário, o diferencial de juros caiu de oito para cinco pontos percentuais. Com uma diferença menor, investidores pedem um prêmio de risco maior para investirem em títulos de renda fixa no Brasil ao invés de aportarem nos FED funds, os títulos do governo norte-americano.
Sendo assim, a queda da diferença dos juros entre os dois países inibe rendimento do chamado “carry trade” dos estrangeiros em terras brasileiras, segundo Fábio Zaclis, gestor da Daycoval Asset. “Quanto mais baixo o diferencial da Selic e dos Fed Funds, ajustado pela volatilidade, o real se torna menos atrativo“, disse o especialista.