Em 1925, a América do Sul aguardava com expectativa a chegada de Albert Einstein, o renomado cientista responsável pela teoria da relatividade. Apesar do entusiasmo sul-americano, Einstein demonstrava certa resistência, como revelado em uma carta a um amigo onde menciona sua relutância em se encontrar com “índios semi-aculturados usando smoking”.
Durante sua estadia, Einstein teve a oportunidade de conhecer figuras importantes, como Aloysio de Castro, chefe da Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. No entanto, seus comentários revelados mais tarde em diários pessoais não foram nada lisonjeiros. Ele descreveu Castro como “legítimo macaco”, um indicativo do olhar preconceituoso que Einstein podia ostentar.
“Ao meio-dia, na casa do Prof. Castro, legítimo macaco, mas companhia interessante”, escreveu Einstein ao se referir ao professor Aloísio. Em outro trecho, o pai da Teoria da Relatividade afirma: “Aqui sou uma espécie de elefante branco para os outros, eles são macacos para mim”.
O livro “Os Diários de Viagem de Albert Einstein: América do Sul” apresenta um lado pouco conhecido do cientista. Editado por Ze’ev Rosenkranz, o material revela pensamentos racistas de Einstein e fornece uma visão mais humana, expondo suas falhas e preconceitos. Segundo Rosenkranz, entender essas nuances é essencial para reconhecer que até mesmo as mentes mais brilhantes podem abraçar ideias errôneas.
A relutância de Einstein e seus encontros na América do Sul
Einstein realizou sua viagem quase que contra sua vontade, cedendo após longa insistência das comunidades científicas e judaicas da região. Seu diário, inicialmente destinado a um público restrito, descreve suas resistências e motivações pessoais, destacando até mesmo aspectos de sua vida íntima, como querer se distanciar de uma relação complicada com sua secretária.
Os relatos de Einstein não se focam apenas na ciência. Eles oferecem uma janela para as interações culturais e sociais da época. Descrevem o cientista imerso em um ambiente que o impressionava e desafiava suas próprias crenças. Apesar de suas contribuições inestimáveis para a física, os diários mostram que Einstein tinha suas lutas internas e preconceitos.
Apesar das inegáveis sombras em suas percepções sociais, Einstein também deixou um legado científico e cultural significativo. Na Argentina, ele encontrou uma comunidade científica estabelecida. No Brasil, embora sentisse falta de interlocutores, teve impacto entre alguns defensores da relatividade.