Real Digital: Drex avança, mas privacidade pode interferir projeto

Na última semana, uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revelou um dado surpreendente que aponta a moeda digital do Banco Central, apelidada de Drex, como uma prioridade entre as instituições financeiras do Brasil. No entanto, a realidade dessa inovação ainda enfrenta barreiras significativas para sair do papel dentro do cronograma previsto, segundo analistas do setor.

Segundo Bruno Salles, head de Produtos da Sinqia, um dos envolvidos no projeto-piloto do Drex, a implantação da moeda digital não parece viável para este ano devido a variáveis que incluem aspectos políticos e operacionais. Bruno aponta que, mesmo considerando o próximo ano como uma possibilidade para a implementação, a situação é extremamente volátil.

Desafios internos no Banco Central 

No coração do impasse está o cenário interno do Banco Central. De acordo com o coordenador do Drex, Fábio Araújo, o maior desafio atual é adequar uma tecnologia de criptografia que esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A preocupação com a privacidade e segurança digital é máxima, visando proteger as informações dos usuários finais e das instituições envolvidas.

Para entender melhor a infraestrutura técnica, a rede escolhida pelo Banco Central para suportar o Drex é a Hyperledger Besu, baseada no protocolo Ethereum, porém, funcionando de maneira permissionada. Isso significa que apenas certas instituições financeiras têm a chave para operar nessa blockchain, garantindo um controle e segurança maior pelo BC.

Visão das operações

Luiz Fernando Ribeiro, da TecBan, explica que a operação do Drex ocorrerá em duas frentes principais: atacado e varejo. Enquanto a vertente de atacado, que envolve transações interbancárias, já está mais desenvolvida e poderia entrar em funcionamento conforme o cronograma original, o varejo possui maiores desafios e demanda mais estudos e testes, sobretudo, em relação à incorporação de ativos diversos.

O Real Digital, além de ser uma inovação nacional, abre portas para que empresas brasileiras possam interagir mais facilmente no ambiente internacional, oferecendo um meio rápido, seguro e econômico para transações transfronteiriças em um futuro próximo. Os testes em ambiente controlado revelam que já é possível converter saldos para carteiras digitais de maneira instantânea, sinalizando uma transformação significativa no modo como interagimos financeiramente.

Conforme o avanço dos testes e a aprovação de novas fases do projeto, o Banco Central planeja emitir relatórios periódicos para manter o mercado e os consumidores informados. Em entrevista, Gilberto Gomes do banco BS2 compartilhou que a experiência até agora tem sido promissora, mostrando o potencial do Real Digital em modificar para melhor os processos financeiros das empresas. 

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