Mulher leva cadáver ao banco, mas se livra de ação e ganha pensão

O recente episódio ocorrido no Rio de Janeiro é bem similar ao que aconteceu em São Paulo, mas com um desfecho diferente; confira

Uma mulher acusada de levar o cadáver do então marido, de 92 anos, a uma agência bancária de Campinas, no interior de São Paulo, para sacar dinheiro da conta dele conseguiu se livrar de uma denúncia na Justiça e ainda conquistou o direito de receber a pensão.

O episódio envolvendo Josefa de Souza Mathias, hoje com 61 anos, aconteceu no ano de 2021. Ela levou o policial civil aposentado Laércio Della Colleta, com quem vivia há pouco mais de 10 anos, a uma agência do Banco do Brasil no centro da cidade, em uma cadeira de rodas, amarrado na cintura com um lençol.

Crimes parecidos, pessoas diferentes

Apesar da semelhança, o caso de Josefa tomo um rumo completamente diferente do episódio envolvendo Erika de Souza Vieira Nunes, que foi presa em flagrante ao levar o seu tio, aparentemente morto, a uma agência bancária em shopping de Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na última terça-feira (16), no intuito de conseguir um empréstimo pré-aprovado de R$ 17 mil em nome de Paulo Roberto Braga.

Falecido há 12 horas

Ao ser levada à delegacia para prestar esclarecimentos, Josefa disse que levou Laércio ao banco para realizar prova de vida a fim de conseguir a senha da conta bancária do companheiro, que havia perdido a consciência. Ela afirmou que o idoso estava vivo naquela manhã do dia 2 de outubro de 2021 e começou a passar mal dentro do estabelecimento, vindo a falecer.

A segurança da agência acionou o Corpo de Bombeiros, que tentou reanimar Laércio, mas constatou que ele já estava morto. Um dos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que atendeu a ocorrência ficou desconfiado porque o corpo já estava com uma certa rigidez.

Na ocasião, dois vizinhos acompanharam o casal até a agência e afirmaram que o idoso reclamava de dor antes de sair de casa e começou a “babar” e “ficar amarelo” no caminho até o banco, mas Josefa não quis levá-lo ao hospital. O exame pericial, por sua vez, apontou que o policial aposentado havia morrido na noite anterior.

Além disso, Josefa deixou a polícia desconfiada porque, de acordo com testemunhas, ela subiu para o segundo andar da agência com o intuito de tentar fazer o desbloqueio da senha, enquanto o companheiro estava debilitado na cadeira de rodas, e não apresentou procuração para movimentar a conta em nome dele.

Aos policiais, a mulher também apresentou duas versões sobre a última vez em que falou com o então companheiro. Na primeira delas, disse que conversaram na manhã em que foram ao banco. Já na segunda, a história teria ocorrido na noite anterior. Por conta das incongruências, ela foi indiciada por estelionato e vilipêndio de cadáver (desprezar ou humilhar o corpo de um falecido).

Caso arquivado e pensão liberada

Após três meses do caso, em janeiro de 2021, a promotora Daniela Merino, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), solicitou o arquivamento do caso. De acordo com a jurista, Laércio teve morte natural e Josefa “jamais conseguiria movimentar a conta da vítima”, visto que ela não tinha uma procuração para isso, como foi confirmado pelo banco.

Ainda, Daniela Merino destacou o fato de Laércio não ter herdeiros e de Josefa ser companheira dele, com união estável firmada um ano antes, o que a tornaria beneficiária do dinheiro na conta do aposentado. Após a denúncia ser retirada, a mulher do policial aposentado entrou com uma ação na Justiça e garantiu o pagamento de uma pensão por morte, de R$ 5.800, além de receber um retroativo de R$ 191 mil.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.