ChatGPT vai substituir professores nas escolas públicas de São Paulo

Confira os possíveis impactos que a medida pode causar na educação paulista

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visa substituir professores pelo ChatGPT, a inteligência artificial (IA) desenvolvida pela companhia norte-americana OpenAI, na produção de aulas digitais. Os conteúdos criados pela ferramenta serão usados por educadores e por cerca de 3,5 milhões de estudantes de todas as escolas da rede estadual paulista.

O material didático era produzido, até então, por professores chamados de curriculistas, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. A partir de agora, esses docentes serão responsáveis apenas por avaliar a aula gerada pelo ChatGPT e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos, segundo Tarcísio.

De acordo com texto obtido pela Folha de S. Paulo, a IA vai gerar a “primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”. Depois, os professores deverão editar e encaminhar o material para uma equipe que fará a revisão.

A Secretaria de Educação confirmou em nota o uso da plataforma para produzir aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio. A ideia de usar a IA da OpenAI para substituir professores foi de Renato Feder, empresário, palestrante, CEO da Multilaser, e secretário da Educação importado por Tarcísio do governo do Paraná.

Possível sobrecarga

Os educadores eram encarregados, até o segundo bimestre de 2024, de entregar quatro aulas por semana. A partir de agora, com o uso do ChatGPT, eles passam a ter que entregar três aulas a cada dois dias úteis, o que dá, pelo menos, seis por semana.

Inclusive, a Secretaria de Educação informou por meio de nota que o processo “ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação”. Os professores curriculistas, por sua vez, já receberam as orientações sobre como devem trabalhar nas próximas semanas.

Em entrevista concedida ao SP1, o professor e pesquisador de educação e tecnologia Bernardo Soares afirmou que a tecnologia pode ajudar os educadores, mas em hipótese alguma deve substituí-los. Para ele, o processo de produzir conteúdo via ChatGPT não é subjetivo, visto que a máquina não irá compreender as dificuldades dos alunos.

[…] O ChatGPT tem uma análise objetiva do conteúdo e não subjetiva, então o professor precisa ser o centro desse processo, ainda que ele seja o mediador do conteúdo e não mais o detentor“, disse (via G1).

Posicionamento do governador

Durante um evento sobre a expansão de leitos de hospitais no Estado, Tarcísio de Freitas afirmou que a ferramenta será um “facilitador” e quem vai ministrar esse material é o professor curriculista.

A gente não pode deixar de usar a tecnologia por preconceito por qualquer razão, obviamente tem que usar com parcimônia, tem que usar com todas as reservas que são necessárias”, disse. “Nada vai substituir o papel do professor, até porque a responsabilidade do que tá dentro de sala de aula é do professor. [Ele] que sabe como ele vai ministrar, que sabe como ele vai passar o conteúdo“, pontuou o governador.

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