Estrelas gêmeas capazes de devorar planetas são descobertas

O astro foi encontrado no Sistema Solar, que inclui a Terra.

Dentro dos 4,5 bilhões de anos de existência, o sistema planetário que abrange a Terra e seus planetas irmãos que orbitam o Sol passou por inúmeras estabilidades. No entanto, nem todos os astros presentes no vasto universo têm muita sorte, pelo menos é isso que aponta um novo estudo envolvendo estrelas gêmeas.

Em uma análise de 91 pares de estrelas com tamanhos e composições químicas correspondentes, foi possível constatar que um número surpreendente exibiu sinais de terem “ingerido” um planeta, disseram os cientistas envolvidos na pesquisa na última quarta-feira (20).

O que são “estrelas gêmeas”?

O estudo examinou pares de estrelas que se formaram dentro da mesma nuvem interestelar de gás e poeira — chamadas estrelas co-natais —, dando-lhes a mesma composição química, e eram de massas de idades aproximadamente iguais. Estas são as “gêmeas”. Apesar dos pares estarem se movendo juntos na mesma direção dentro da Via Láctea, eles não são sistemas binários de duas estrelas gravitacionalmente ligados uma à outra.

A composição química de uma estrela se altera quando ela “engole” um planeta porque incorpora os elementos que compunham o astro “ingerido”. Neste sentido, os pesquisadores procuram por estrelas que diferiam de sua gêmea porque tinham maiores quantidades de elementos indicativos de remanescentes de um planeta rochoso, como ferro, níquel e titânio, em relação a certos outros elementos.

São as diferenças de abundância de elementos entre duas estrelas em um sistema co-natal“, disse o astrônomo Fan Liu, da Universidade Monash, na Austrália, autor principal do estudo publicado na revista Nature. Em sete dos pares, uma das duas estrelas apresentava evidências de ingestão planetária.

Acredita-se que a razão para um planeta fazer “um mergulho mortal” em uma estrela hospedeira inclua uma perturbação orbital causada por um planeta maior, ou outra estrela passando perto dele, desestabilizando o sistema planetário, explicaram os pesquisadores.

Isso realmente coloca em perspectiva nossa posição afortunada no universo. A estabilidade de um sistema planetário como o sistema solar não é algo garantido“, disse o astrofísico e coautor do estudo Yuan-Sen Ting, da Universidade Nacional Australiana e da Universidade Estadual de Ohio.

Processo para a descoberta

Os pesquisadores utilizaram o observatório espacial Gaia da Agência Espacial Europeia para identificar as estrelas gêmeas e usaram telescópios no Chile e no Havaí para determinar sua composição. As estrelas estavam a até 70 anos-luz do Sistema Solar e até 960 anos-luz de distância. Um ano-luz é a distância que a luz percorre um ano, 5,9 trilhões de milhas (9,5 trilhões de quilômetros).

Os pesquisadores disseram que, embora seja mais provável que suas observações sinalizem planetas inteiros sendo ingeridos, era possível que fossem blocos de construção planetária consumidos durante o período de formação do planeta.

Afinal de contas, o Sol vai “engolir” a Terra?

Neste sentido, durante seus momentos derradeiros, o nosso Sol e outras estrelas como ele incham drasticamente, ingerindo quaisquer planetas com órbitas próximas, antes de colapsar em uma anã branca.

Os pesquisadores destacaram que já é de conhecimento geral que todas as estrelas, como o próprio Sol, eventualmente se tornarão estrelas gigantes. No caso do Astro do Dia, ele se expandirá e, eventualmente, engolirá a Terra. Todavia, isso só deve acontecer daqui a milhares de anos.

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