Bolsonaro e Mauro Cid são indiciados pela PF por fraude

Entenda o caso envolvendo o ex-presidente da República e o ex-ajudante de ordens

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordem tenente-coronel Mauro Cid, e outras 15 pessoas devido à participação em um esquema de fraude de registro envolvendo o cartão vacinal contra a COVID-19.

Segundo informações da CNN, Bolsonaro e Cid foram indicados pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos. Atualmente, a PF investiga a ação de uma associação criminosa que supostamente teria adulterado registros sobre doses de imunizantes contra a COVID-19 no sistema do Ministério da Saúde para diversas pessoas.

De acordo com os agentes federais, o tenente-coronel teria iniciado o esquema para forjar um certificado físico de vacinação para COVID-19 para sua cônjuge, Gabriela Santiago Ribeiro Cid. No entanto, a investigação salientou que a estrutura criminosa se consolidou no tempo, passando a ter a “adesão de outras pessoas, atuando de forma estável e permanente para inserir dados falsos de vacinação contra a COVID-19 em benefício do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”, sua filha e outros indivíduos.

Agora, a apuração ficará sob responsabilidade do Ministério Público Federal, que irá decidir se apresenta denúncia ou arquiva o caso.

Ordem foi dada por Bolsonaro, segundo Cid

Em seu depoimento à PF, que faz parte de umaa delação premiada, o tenente-coronel admitiu que a ordem para emitir esses documentos falsos partiu do ex-chefe do Executivo. De acordo com Cid, os dois documentos foram impressos no Palácio da Alvorada — residência oficial da Presidência da República — e entregues diretamente para Bolsonaro.

Cabe destacar que a delação de Cid ainda é mantida em segredo, mas trechos foram incluídos pela PF no relatório que embasou o indiciamento de Bolsonaro, Cid e mais 15 pessoas. O relator do inquérito, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo desse relatório nesta terça-feira (19).

Abaixo, confira os trechos da delação de Cid obtidos pelo portal G1, da Globo:

“QUE o presidente [Bolsonaro], após saber que o COLABORADOR [Mauro Cid] possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha […]; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON [Barros] que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha […] sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha, […];”

“QUE confirma recebeu a ordem do ex-presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer a inserções dos dados falsos no nome dele e da filha […]; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente;”

A PF informou que o “modus operandi” do esquema era o seguinte:

  • 1. Mauro Barbosa Cid encaminhava o pedido de fraude ao ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
  • 2. Ailton enviava os dados ao secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sou Brecha;
  • 3. João Carlos usava suas senhas para inserir os dados falsos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), do Ministério da Saúde.

Neste caso, o grupo nem sequer precisava dos cartões físicos de vacinação. Por fim, a PF destacou que os dados forjados eram inseridos diretamente no sistema do Ministério da Saúde e, com isso, os suspeitos conseguiam imprimir certificados de vacinação pelo sistema oficial do ConecteSUS.

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