Fim do Auxílio Brasil: Como fica quem pegou o empréstimo consignado?
O Auxílio Brasil fez seu último repasse em fevereiro e deve ser substituído pelo novo Bolsa Família já a partir de março. Entretanto, muitos beneficiários que pegaram o empréstimo consignado do Auxílio Brasil estão se perguntando se a dívida também será esquecida. Entretanto, as notícias não são tão positivas.
Com o fim do Auxílio Brasil, os beneficiários que pegaram a linha de crédito seguirão sendo descontados do Bolsa Família. Ou seja, neste ponto, não há qualquer mudança. A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, chegou a comentar, em dezembro, que não havia possibilidade de o banco perdoar a dívida.
Uma possibilidade era de que o governo assumisse o débito, entretanto, não haveria verba para a quitação do valor emprestado pelos bancos privados e públicos. Desse modo, mesmo com o fim do Auxílio Brasil, os beneficiários que adquiriram a linha de crédito precisarão saldar a dívida de acordo com o que foi definido no contrato.
O Desenrola Brasil
O governo vem trabalhando na criação de uma plataforma que tem como objetivo a renegociação das dívidas. O Desenrola Brasil estará disponível para mais de 50 milhões de brasileiros que estão negativados, ou seja, com o nome sujo. Os beneficiários do programa de transferência de renda que pegaram o consignado também poderão renegociar a dívida com o banco pelo Desenrola.
Apesar da necessidade do Desenrola, seu lançamento segue atrasado. A expectativa do governo era de que o Desenrola Brasil fosse lançado ainda em janeiro, mas já começou o terceiro mês de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a nova ferramenta de renegociação de dívidas ainda não foi lançada.
A nova linha de crédito do Governo Federal
Com o fim do Auxílio Brasil, o governo pensou em uma nova linha de crédito. O consignado do Bolsa Família foi anunciado no último dia 9 de fevereiro e conta com regras que tornaram o programa pouco interessante para quem contrata e para quem oferece a linha de crédito.
A partir de agora, o banco responsável pelo consignado só poderá descontar 5% da parcela fixa do Bolsa Família, ou seja, R$ 30 por mês. Além disso, as novas regras definem que o benefício só pode ser descontado por, no máximo, seis vezes consecutivas. Para concluir, a nova linha de crédito prevê juros de, no máximo, 2,5% ao mês. Dessa forma, o risco para as famílias é consideravelmente menor, entretanto, o valor de empréstimo oferecido será baixo, não ultrapassando R$ 300.
Já para os bancos, a proposta não é nada interessante, principalmente levando em consideração a linha de crédito anterior. Ela definia que o banco poderia descontar 40% da parcela fixa do Auxílio Brasil, que era R$ 400. Com isso, as famílias tinham um desconto de R$ 160 todos os meses. Outro detalhe diferente entre os consignados é o número de parcelas, visto que no anterior o beneficiário poderia parcelar o crédito em até 24 vezes.
Por fim, um detalhe que, apesar de ser bom para o cliente, não é nada interessante para os bancos. Estamos falando da taxa de juros mensal aplicada em cada parcela do benefício. Na linha de crédito original, o banco poderia aplicar juros de até 3,5% ao mês. Alguns bancos chegaram a aplicar 3,45% de juros aos beneficiários.
Com isso, embora a linha de crédito esteja liberada, os bancos não têm interesse em emprestar o dinheiro. A presidente da Caixa Econômica se posicionou e explicou que o banco não oferecerá a nova linha de crédito para os seus beneficiários.
“Com as novas regras, a operação não se paga. Esse produto teve um cunho eleitoral, a Caixa foi o banco que mais ofertou crédito, com R$ 7,6 bilhões. É uma excrescência. Não posso ofertar crédito em um auxílio para uma pessoa se alimentar. Na minha opinião, isso tem de ser anulado”, confirmou.