Bolsonaro criou o Pix? Paulo Guedes quase taxou nova modalidade

O futuro ex-presidente do Brasil tem afirmado, desde a sua campanha eleitoral, que é o verdadeiro criador da ferramenta de transferências e pagamentos instantâneos, o Pix. A ideia foi apoiada por aliados políticos e apoiadores de Bolsonaro (PL), que acreditam na veracidade da informação.

“O presidente tem muita coisa para mostrar no período eleitoral. Ninguém sabe que o Pix foi projeto do governo dele”, disse ao UOL o ministro das Comunicações, Fábio Faria (PP-RN), em maio.

Bolsonaro é o criador do PIX?

Mas, documentos analisados pelo UOL mostram que, na verdade, quem criou o Pix foi o Banco Central (BC), que começou o processo em 2018, ainda durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

O Banco Central tem documentos que revelam que, “em conceito, a ferramenta já existia desde 2016”, ou seja, três anos antes do economista Roberto Campos Neto assumir a presidência do órgão.

Quem é o criador do Pix?

Como bem diz o ditado: “pai é quem cria”, e foi em dezembro de 2016 que Goldfajn sinalizava para o lançamento da ferramenta inspirada no Zelle, uma plataforma similar ao PIX que a fintech Early Warning Service havia anunciado algum tempo antes nos Estados Unidos.

“As inovações tecnológicas têm mudado o mundo em várias áreas. Nós estamos acompanhando essas inovações no sistema financeiro. Temos inovações nas formas pagamento”, afirmou à imprensa à época.

Mas foi só em 2018, antes mesmo de Bolsonaro ser eleito, que o Banco Central reuniu a equipe responsável pela criação do Pix. O longo processo evolutivo culminou em seu lançamento em 2020, já no governo Bolsonaro.

Pai ou padrasto?

Embora Bolsonaro tenha se colocado como pai do Pix, logo após o seu lançamento em 2020, quando foi questionado sobre a nova ferramenta, o presidente disse que não sabia do que se tratava. “Não tomei conhecimento, vou conversar esta semana com o Campos Neto”, disse.

Reginaldo Lopes, líder do PT na Câmara dos Deputados, disse na época que Bolsonaro deseja “assumir a paternidade de um filho que não é dele”. O presidente do Sindicato de Servidores do BC, Fabio Faiad, disse que o Pix foi criado e implementado “apesar” do governo Bolsonaro, e não por causa dele.

Em 2021, pouco antes do serviço fazer um ano, Paulo Guedes, o ministro da Economia do governo Bolsonaro, ainda falou sobre taxar com uma alíquota de 0,10% a 0,15% às operações via Pix. Em 2022, já no período eleitoral, o ministro acusou o governo Lula da tentativa de taxação.

Apesar das tentativas de Bolsonaro de usar o Pix em sua campanha eleitoral, o resultado não saiu como o esperado e ele perdeu a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve assumir seu terceiro mandato em 2023.

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