Ondas de calor vão piorar no próximo mês por agravamento do El Niño

O Inmet divulgou que o Brasil está batendo recordes de temperatura com as ondas de calor da primavera. Os dados apontam ainda mais calor em dezembro

O território brasileiro está vivenciando uma primavera que se destaca como a mais quente já documentada, caracterizada por uma série de ondas de calor e estabelecimento de recordes térmicos que não ocorriam há mais de cem anos em diversas localidades. Conforme as informações fornecidas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a partir da metade do ano, o Brasil tem passado por meses sucessivos com temperaturas superiores à média histórica nacional.

O período da primavera meteorológica, que compreende os meses de setembro a novembro deste ano, está chegando ao fim com a ocorrência de três ondas de calor que estão modificando as estatísticas climáticas do Brasil. Esses eventos confirmam as projeções dos modelos climáticos, os quais apontavam temperaturas significativamente superiores à média, tanto na região Centro-Oeste quanto no Sudeste do país.

Ligação do El Niño com as ondas de calor

A perspectiva é de que os extremos climáticos se acentuem ainda mais neste ano, com maior aridez na Amazônia e no Nordeste, temperaturas elevadas no Centro-Oeste e Sudeste, e chuvas intensas no Sul. Segundo a meteorologista Ana Ávila, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, esse cenário é impulsionado pelo ápice do fenômeno El Niño, previsto para dezembro.

O El Niño é caracterizado por um aquecimento atípico das águas do Oceano Pacífico equatorial. Segundo a meteorologista, prevê-se um aumento de aproximadamente 2,5°C na temperatura das águas em comparação com a média. Os modelos apontam para a persistência do El Niño até junho do próximo ano. Esse fenômeno propicia o surgimento de ondas de calor, uma vez que as frentes frias permanecem estagnadas no sul do país, incapazes de avançar.

Junto com o impacto do El Niño, as condições climáticas no Atlântico Norte, que mantêm temperaturas elevadas mesmo durante o inverno do Hemisfério Norte, desempenham um papel nas variações de temperatura. Adicionalmente, alguns estudiosos indicam as mudanças climáticas causadas pelo homem como um fator contribuinte.

ondas de calor
Efeitos do El Ninõ no Brasil. (Foto: reprodução/ClimaInfo)

Gasto de energia

Conforme ressaltado por Bruno Bainy, especialista em meteorologia no Cepagri, as pesquisas apontam para uma estreita relação entre as ondas de calor e as mudanças climáticas de origem antropogênica. Nesse contexto, o Brasil não apenas experimenta condições climáticas excepcionais, mas também enfrenta desafios relacionados ao consumo de energia e aos impactos ambientais decorrentes desses extremos.

As altas temperaturas desencadearam um recorde no consumo de energia no Brasil, superando pela primeira vez na história a marca de 100.000 MW. De acordo com as informações do Operador Nacional do Sistema, houve um aumento significativo de 16,8% na carga, considerando a demanda atendida nos primeiros dias de novembro, que passou de 86.800 MW para 101.475 MW.

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