Dividendos brasileiros caem quase 70% no terceiro trimestre de 2023
A queda dos dividendos brasileiros é atribuída a Petrobras e a Vale. Enquanto os bancos, como o Banco do Brasil e Bradesco, seguem na direção contrária
A notícia da substancial queda nos proventos no terceiro trimestre deste ano apenas no Brasil pode ter despertado a atenção de investidores em busca de rendimentos por meio de dividendos. A redução foi notável, atingindo 67,1%, com os proventos declinando de US$ 16,4 bilhões no mesmo período de 2022 para US$ 5,8 bilhões em 2023.
Esses dados levam em conta ajustes para dividendos especiais pontuais, variações cambiais e outros fatores técnicos que impactam os resultados. O foco negativo recai sobre a Petrobras, identificada como uma das principais causadoras desse declínio.
Petrobras no 3º trimestre
A empresa estatal brasileira cortou seus desembolsos em US$ 9,6 bilhões durante o terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, resultando em um total de “apenas” US$ 2,87 bilhões em 2023, conforme detalhado no relatório Global Dividend Index da gestora Janus Henderson.
A expressiva redução nos dividendos da Petrobras a posicionou novamente como líder global em cortes de proventos, consecutivamente pela segunda vez. A magnitude da diminuição nos pagamentos pela estatal teve um impacto negativo notável na taxa de crescimento global do terceiro trimestre, resultando em uma queda superior a 2,5%.
Dividendos nacionais
A diminuição nos proventos da Vale exacerbou a situação dos dividendos no Brasil, com a mineradora ocupando a 49ª posição no ranking global, tendo distribuído US$ 1,764 bilhão em dividendos no terceiro trimestre.
Apesar do aumento nos dividendos dos grandes bancos, como Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil, não foi o bastante para mitigar a deterioração do cenário brasileiro. Essas instituições financeiras foram as únicas listadas pelo índice entre os 1200 maiores pagadores de dividendos do mundo.
- O Banco do Brasil alcançou a 151ª posição na lista, distribuindo US$ 678 milhões em proventos.
- Já o Bradesco se posicionou em 322º lugar, com distribuição de US$ 251 milhões.
Cenário global
Globalmente, a distribuição total de dividendos no terceiro trimestre de 2023 diminuiu 0,9%, alcançando US$ 421,9 bilhões. Entretanto, ao desconsiderar os cortes realizados pelas duas principais pagadoras de dividendos do mundo, a Petrobras e a mineradora australiana BHP, a remuneração global teria experimentado um aumento de 5,3%.
Algumas das mais expressivas reduções nos dividendos globais ocorreram no setor de mineração, onde cerca de metade das empresas desse segmento diminuíram seus proventos no terceiro trimestre. Em contrapartida, o setor bancário global apresentou um desempenho robusto, compensando parte dessas perdas ao registrar um crescimento de 9,3% em comparação com o mesmo período de 2022.
Segundo o relatório da Janus Henderson, 90% das empresas elevaram os dividendos no terceiro trimestre ou, no mínimo, conseguiram manter os pagamentos estáveis em comparação ao ano anterior.