Brasil pode se tornar referência mundial com Drex, Pix e Open Banking

As tecnologias desenvolvidas em solo brasileiro estão chamando a atenção de diversas empresas do setor ao redor do mundo

O Banco Central (BC) vem desenvolvendo o Drex, a nova moeda digital brasileira. O projeto, que será responsável por lançar um real completamente digital no fim de 2024, tem como foco o atacado e já está em fase de experimentos, por meio de um piloto que conta com grandes companhias e instituições financeiras, além de startups do setor.

Por conta disso, a Microsoft se posiciona como uma das empresas de maior destaque até o momento no projeto piloto do Drex. A companhia está em quatro consórcios e apoia outros dois, no intuito de transferir seu conhecimento sobre tecnologia e regulação nos testes da moeda digital.

Após a tecnologia ser validada, a Microsoft ainda almeja começar a planejar novos modelos de negócio envolvendo o Drex, disse João Paulo Aragão Pereira, especialista sênior em tecnologia e inovação na Microsoft. O executivo é responsável por comandar todos os projetos de blockchain, DLT e moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) da Microsoft, além de ser mentor no Lift Lab, o ecossistema de inovação do BC e da Fenasbac (Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central).

Referência global no segmento

Em entrevista concedida à EXAME, Pereira revelou estar de acordo com uma posição já emitida pelo Banco Central em relação ao Drex: não se trata de uma moeda, mas sim de uma plataforma, dividida da seguinte forma:

  • Drex: ambiente de atacado;
  • Real Tokenizado: ambiente de varejo;
  • Títulos públicos federais: ativos financeiros tokenizados.

Além disso, ele destaca que de 130 países, 11 estão produzindo suas próprias moedas digitais. No Brasil, está sendo estendida uma versão digital do real, aumentando as capacidades da moeda brasileira. “O Brasil está virando referência mundial, é superinteressante, pioneiro e inovador. Começou com o PIX, Open Banking e agora uma CBDC“, disse Pereira.

Drex pode beneficiar algumas tecnologias no futuro

Além de especialista sênior em tecnologia e inovação na Microsoft, Pereira é formado em Engenharia pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e possui doutorado em inteligência artificial (IA). Para ele, existem ainda outras tecnologias que ainda não são exploradas nos testes iniciais, mas que podem complementar o Drex dentro dos próximos anos. Sendo elas:

  • Criptografia pós-quântica: algoritmos “quantum resistent” aplicados a um assinatura digital;
  • Quantum machine learning, ou aprendizado de máquina quântica: integração de algoritmos quânticos em programas de aprendizado de máquina;
  • Internet das coisas (IoT, na sigla em inglês): interconexão digital de objetos do cotidiano à internet.

Como podemos notar, há uma repetição da palavra “quântico” em muitos dos nomes citados por Pereira, mas existe um motivo para isso. Ainda em sua entrevista à EXAME, ele explica que por volta da década de 2030 todos os algoritmos clássicos “quebrem” em uma data específica. Por conta disso, é preciso trabalhar para proteger ambientes como o Drex até lá.

De acordo com o executivo, todas as tecnologias mencionadas são emergentes e possuem aplicabilidade para trazer benefícios de segurança. A IoT, por outro lado, pode ainda trazer benefícios mais tangíveis.

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