Falência: Grande empresa internacional pede recuperação judicial
Em 2019, antes da pandemia de COVID-19, a companhia prometida revolucionar o mercado de trabalho com suas propostas
A startup de coworking — local de trabalho compartilhado onde existem vários espaços para que possam servir aos seus próprios profissionais — WeWork, que vem enfrentando uma grande dificuldade financeira, entrou com um pedido de recuperação judicial na corte federal dos Estados Unidos na última segunda-feira (6).
O pedido só reforça a grande queda do empreendimento apoiado pelo SoftBank, que já esteve em alta e chegou a ser avaliado de forma privada em aproximadamente US$ 47 bilhões (cerca de R$ 229 bilhões, na cotação atual) no seu ápice. Em outro momento, a companhia prometia revolucionar o futuro do trabalho em escritórios com seus métodos, como liberar cerveja artesanal para os colaboradores.
Começo da queda
Contudo, uma sequência de fatores fez com que a WeWork começasse a ruir, logo após uma tentativa decepcionante de abrir o capital no ano de 2019. Na época, a documentação revelou perdas maiores do que o previsto e potenciais conflitos de interesse com o cofundador e então CEO da empresa, Adam Neumann.
O antigo chefe da companhia, cujo estilo de liderança pouco ortodoxo fez com que a cultura da WeWork se tornasse objeto de muita cobertura noticiosa, foi destituído de seu cargo em 2019 após pressão dos investidores. No entanto, ao ser deposto, Neumann recebeu um polpudo pacote de desligamento.
A WeWork abriu seu capital cerca de dois anos depois, tendo uma avaliação muito reduzida de cerca de US$ 9 bilhões. Porém, em 2021, a análise do mercado e o fácil acesso ao capital que ajudou a sustentar grande parte do mundo das startups antes da pandemia começaram a mudar.
Todavia, apesar da WeWork se autodenominar uma companhia de tecnologia, alguns críticos perceberam que o seu principal negócio não possuía ligação alguma com o setor tecnológico, mas sim com o imobiliário, uma vez que eles alugavam espaços em edifícios de escritórios para modernizar e sublocar a startups, freelancers, bem como grandes e pequenas empresas.
Apesar de ter aberto seu capital, a companhia travava uma batalha para não acabar ruindo. O fornecedor de espaços de trabalho flexíveis enfrentava um momento difícil no setor imobiliário comercial após a pandemia ser responsável por um aumento nas opções híbridas e de regime home office. Consequentemente, o cenário ameaçou a própria cultura de escritório sobre a qual a base da WeWork foi construída.
No entanto, com a disputa no espaço de coworking ficando cada vez mais acirrada, as taxas de juros mais elevadas e a incerteza macroeconômica lançaram uma nuvem sobre as tentativas da WeWork de se salvar ao longo dos últimos anos.
Para se ter uma ideia, as ações da empresa despencaram 98% somente neste ano. Em maio, a WeWork anunciou uma mudança de liderança com a saída do seu presidente e CEO, Sandeep Mathrani, um executivo do setor imobiliário que os investidores esperavam que pudesse salvar a companhia da falência.